A árvore, em variadas mitologias ao redor do mundo, tem um significado muito especial. Ela representa, de forma geral, o crescimento espiritual do ser humano que parte da terra, desenvolve o tronco e explode numa copa cheia de vida à procura de luz. Diferentes povos antigos relacionavam a imagem da árvore com o homem implicando na tarefa deste de se desenvolver e tornar-se iluminado.
O pintor holandês Van Gogh frequentemente pintava árvores enormes, que ultrapassavam as estrelas, causando uma ruptura com a pintura clássica que cobrava que as árvores deviam ficar num plano abaixo dos astros para se obter uma proporção harmônica segundo os ditames artísticos da época. Uma vez, um comerciante de arte indignado com o excêntrico pintor holandês, perguntou-lhe, com raiva e exasperação, por que ele quebrava o padrão clássico. Van Gogh respondeu: “As árvores são os anseios da Terra de transcender as estrelas. Eu pinto os anseios e não as árvores. Na verdade, não importa se elas alcançam as estrelas ou não. O importante é o desejo de fazê-lo.” Muito perspicaz e sensível para alguém considerado louco.
Aqui está minha logomarca, que tanto desejei e que foi desenhada por um primo artista, Augusto Sampaio, que me conhece desde criança. Através do que falei que queria, ele criou uma árvore que vai agora ser uma marca pessoal para acompanhar meus textos e pensamentos publicados em diferentes mídias. Pedi raízes fortes e profundas, um tronco que lembrasse o ser humano e uma copa abundante e vibrante. Junto a todos os significados que a árvore possui já acima descritos, acrescento os meus próprios pensamentos que escrevo a seguir.
Tal como acontece num processo analítico para uma pessoa realmente se desenvolver ela precisa se voltar para si própria, para o seu interior. Deve lançar profundas raízes em seu mundo interno, sempre escuro e desconhecido. Nunca sabemos o que vamos encontrar dentro de nós nem as adversidades que teremos que enfrentar. É algo que dá medo e traz inúmeras inseguranças. Muitos são os que evitam lançar-se nas profundezas de si próprios e ficam com suas “raízes” numa dimensão superficial, nunca indo fundo. Triste, porque então nunca irão ter copas exuberantes.
Há pessoas que quando olham uma linda e farta copa de uma árvore muitas vezes desconhecem que por debaixo da terra, invisível aos nossos olhos tem toda uma estrutura que sustenta e nutre a mesma copa. As raízes não são tão belas quanto as copas, mas sem elas não existiriam copas. Quando vemos uma pessoa desenvolvida e bem estruturada, geralmente não vemos o quanto ele precisou trabalhar internamente, o quanto teve que pagar o preço por crescer, o quanto teve que superar medos e incertezas para buscar dentro de si algo que permitisse e favorecesse o crescimento lá fora, externamente.
Desejamos beijar as estrelas, mas só podemos realizar isso se tivermos um pé, bem fincado, em nós mesmos, na nossa realidade/mente. Aí sim, criamos condições de subir e tornar-se o que realmente podemos ser. Se vamos alcançar as estrelas? Não importa, como já disse um dos maiores artistas do mundo, o que importa é a gente buscar realizar os nossos anseios.
Verdade,nem mesmo o vento e capaz de derrubar uma árvore com raiz fortes e profundas .
ResponderExcluirÓtimo texto, parabéns.
ResponderExcluirObrigado
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