A doença imaginária é extremamente
nociva. Aquelas pessoas que imaginam as piores doenças para si limitam muito a
própria vida e vivem sempre numa ansiedade extrema. Todos sabem disso e a
hipocondria é bem estudada nas literaturas médicas e psicanalíticas há anos.
Porém, o que ninguém presta muita atenção é que a saúde também pode ser imaginária
e ela, também, pode ser nociva à vida.
A saúde imaginária é quando a pessoa
nega seus males, sejam eles orgânicos ou psicológicos, e prefere “desconhecer”
o que se passa consigo para assim não ter que se cuidar ou se responsabilizar
pelas ações a tomar frente à sua condição. A ignorância é comumente mais
cômoda, mas é infinitamente mais prejudicial. Lidar com a doença ou saúde
imaginárias implica em se responsabilizar pela própria vida interna mental, o
que sempre dá trabalho.
Ninguém nasceu sabendo cuidar de si,
porém é algo que se aprende se for aberta essa possibilidade. Ficar apenas
naquilo que é imaginado é uma maneira de evitar as aprendizagens da vida e de
permitir que a vida e os outros decidam o desenvolvimento dos acontecimentos.
Uma pessoa constantemente levada de cá para lá como um barquinho numa onda insana
não tem como ser feliz.
Imaginar saúde quando ela não existe
impede lidar com as realidades, muitas vezes duras, e de aprender sobre a
condição humana que sempre requer cuidado e atenção. Quem imagina saúde assim
se engana e se sente onipotente. Inúmeras pessoas através de suas defesas
onipotentes negam os cuidados necessários que precisariam buscar para dar uma
qualidade e dignidade melhor à vida. Quantas pessoas não negam a vacina ou
tratamentos essenciais porque “acreditam” que têm tudo sob controle? Quantos se
esquivam de procurar psicoterapia porque têm como certo que o que vivem não é
nada demais e que é só questão de tempo para passar ou de que não precisam se
conscientizar do que fazem consigo mesmo? O resultado é sempre cair do pedestal
e pagar um preço mais amargo.
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