Sou uma pessoa com
posses e minha família tinha pouco dinheiro. Sou sozinha, não tenho filhos de
modo que quando eu morrer ficará tudo para meus sobrinhos. Eles vão fazer a
festa com meu dinheiro, eu sei. No entanto, eles não gostam de mim. Não me
convidam para nada e percebo que acham minha presença um tanto quanto
aborrecedora. Isso tudo é porque eu não os ajudo agora com nada e nem no
passado. Nunca os presenteie, nunca os ajudei. Com isso quero que eles cresçam
por si só e que reforcem o próprio caráter. Não facilito mesmo para eles porque
sei que se eu facilitar eles vão ficar indolentes. Hoje eles estão bem e não
precisam de ajuda. Só que eles não entendem isso que eu fiz com eles de ser
dura e que minha dureza é para o bem deles. Acho que eles só querem que eu
morra para fazer a festa. Estou sozinha e queria que eles se aproximassem de
mim, mas acho que eles são ruins.
A relação
que você vive com seus familiares é de baixa qualidade. Parece que na verdade
você criou uma barreira. Apesar de você justificar que suas atitudes são na
verdade uma benção disfarçada, parece mais que é uma forma de controle e também
de mesquinharia. Há um medo intenso em dar a quem está próximo. Você está pobre mesmo sendo financeiramente rica.
Você coloca
no dinheiro a sua pobreza, ou seja, você não presenteia, não usa seu dinheiro
com os outros porque acha que vai criar um bando de pessoas indolentes. Na
verdade pode ter mesmo é medo de se doar, de mostrar um lado generoso, de se
abrir. Controla tudo com medo do que poderia acontecer caso se abrisse. Porém,
hoje está sozinha. Não permitiu se aproximar e nem deixar que se aproximassem
de você o que acabou por solidificar a posição de estar sempre só e inacessível. Está
cheia de dinheiro, mas falta relações de qualidade. Colocou o dinheiro onde deveria ter outras coisas como o afeto.
Isso não
significa que você precisava dar tudo e acabar com seu patrimônio. Isso seria
estupidez e temerário. Não se trata de não dar nada ou então dar tudo, mas de
poder ser amorosa. Seu medo é de ser amorosa. E exige hoje dos outros o que
você mesma não deu: afeto. Quando presenteamos alguém ou ajudamos alguém não se
trata só de dinheiro, mas também de afetos. De apostar no outro, de abrir
possibilidades. Hoje ninguém parece querer estar perto de você, mas isso não aconteceu
à toa. A parábola a seguir pode te ajudar a pensar.
Um dia um porco foi até a vaca reclamar que ninguém lhe dava valor. Segundo ele, só recebia menosprezo das pessoas. “Afinal –disse ele – eu doo tudo o que tenho aos homens. Eles consomem minha carne, usam meus pelos para fazer pinceis e aproveitam até os meus ossos. Mesmo assim sou um animal desconsiderado. O mesmo não acontece com você, vaca, que dá apenas o leite e é reverenciada pelas pessoas.” A vaca que ouvia a reclamação do suíno disse “Talvez seja porque eu doo um pouco de mim todos os dias, enquanto estou viva, e você só tem utilidade depois de morto.” Vale a pena pensar um pouquinho que tipo de relações você vem cultivando.
Um dia um porco foi até a vaca reclamar que ninguém lhe dava valor. Segundo ele, só recebia menosprezo das pessoas. “Afinal –disse ele – eu doo tudo o que tenho aos homens. Eles consomem minha carne, usam meus pelos para fazer pinceis e aproveitam até os meus ossos. Mesmo assim sou um animal desconsiderado. O mesmo não acontece com você, vaca, que dá apenas o leite e é reverenciada pelas pessoas.” A vaca que ouvia a reclamação do suíno disse “Talvez seja porque eu doo um pouco de mim todos os dias, enquanto estou viva, e você só tem utilidade depois de morto.” Vale a pena pensar um pouquinho que tipo de relações você vem cultivando.
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