segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

Uma Questão de Pele Psíquica




           A pele é o maior órgão do corpo humano e também o mais pesado, constituindo mais ou menos 16% do peso corporal de um indivíduo. Ela funciona como termorregulador, como receptor de estímulos e como defesa. Sem a pele ficaríamos sujeitos às muitas ameaças do mundo externo, como bactérias e germes, e adoeceríamos facilmente. 
A pele também comunica como anda a saúde do nosso corpo, tanto que muitas doenças apresentam sintomas através da pele, nos avisando que algo não vai bem. No entanto, muitos não sabem, mas a pele está intimamente ligada à mente e diz muito sobre nossa saúde psíquica.
            É de conhecimento geral que muitas alergias que vemos na pele são frutos do funcionamento mental. Afinal, não há uma separação tão clara e nítida entre o funcionamento mental e biológico. Há pessoas que quando confrontadas com situações difíceis, por exemplo, são tomadas por coceiras intensas. Este é um exemplo bem comum, mas há muitos outros de situações dermatológicas criadas, ou pelo menos intensificadas, por estímulos psíquicos.
            Além de toda a questão médica da pele ela é também a maior zona erógena que nós temos. Infelizmente muitos acham que zonas erógenas são apenas os órgãos genitais e limitam assim a própria sexualidade e qualidade de vida. Mas é a pele que viabiliza o contato entre os corpos, gerando prazer, bem-estar e descobertas. 
Os antigos hindus diziam que a pele toda, do corpo inteiro, era o maior órgão sexual que existia, mas que as pessoas comuns não a utilizavam em toda a sua potência.
São muitas as pessoas que reclamam que seus parceiros querem saber do sexo apenas, mas que são incapazes de carinho e atos de verdadeira intimidade. Há muitos casais por aí que sabem transar, porém não sabem “passear” pelo corpo um do outro causando arrepios, sensações e criando laços de intimidade.
            Não só na sexualidade a pele se faz importante, mas no contato com o próximo em gestos simples, como abraços ou apertos de mão. Obviamente não estou dizendo aqui daqueles gestos pegajosos e inconvenientes, mas daqueles que demostram carinho. Idosos, que muitas vezes são relegados por muitas pessoas, ficam emocionados quando encostamos neles e seguramos em suas mãos. Esse contato entre peles é importante para a vida. 
A pele é muito mais do que “apenas” um órgão biológico, ela é também um componente psíquico de extrema importância para as nossas vidas. Há pessoas que cuidam de suas peles com muito zelo. O órgão biológico, pelo menos, é bem tratado e fica todo vistoso. Contudo, quando falamos da pele “psíquica” o assunto é outro e são muitos os que deixam de lado essa questão. 
Intimidade está em falta porque são poucos os que desenvolvem uma representação mental da pele em seus relacionamentos, o que permitiria trocas afetivas de qualidade. Essa representação mental precisa ser construída, cultivada. 
A maior reclamação das pessoas, hoje em dia, é que se sentem só apesar de estarem rodeadas por muitas outras pessoas e possuírem vários contatos. Nesse caso o que está faltando é essa questão de pele, mas de pele psíquica.

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