Tenho um irmão com
doenças sérias: diabetes, colesterol alto, cálculo na vesícula biliar e outros
males. Sempre digo que ele precisa praticar meditação, mas ele não me dá bola e
só continua com os tratamentos convencionais e tradicionais. A meditação faz
milagres acontecerem, como já foi provado e todas as doenças podem encontrar na
meditação a sua cura. Só ver que os monges orientais que praticam meditação não
padecem de nenhum mal que nós ocidentais padecemos. Por mais que eu insista com
ele, ele se mantém fechado e resistente. Queria saber que técnicas da
psicologia ou psicanálise posso usar para convencê-lo de que é para o bem dele
praticar meditação? Desde já obrigada.
A sua
pergunta é frequentemente feita por muitas pessoas que não entendem o que seja
ou como funciona a psicologia. Aliado a isso há também a má fé e o mau uso que
muitos profissionais fazem de suas profissões e que acabam por trazer todo um
mal-entendido. E haja enganos e deturpações!
O engano
está em acreditar que a psicologia ou a psicanálise vai estar a serviço do ato
de convencer. O psicanalista não convence ninguém até porque convencer é
invasivo e rude. Ninguém deve jamais interferir no livre arbítrio do outro e
convencer é apenas outra palavra para manipular. A manipulação é um desserviço
e mais atrapalha do que ajuda.
Há inúmeras
pessoas que perguntam como podem convencer o outro disso ou daquilo. Entendo
que você queira o bem dele, mas não há nada mais que possa fazer além de conversar
com ele. O que ele vai fazer com a conversa de vocês é problema dele e não seu.
Precisamos entender que temos limites dos quais não podemos ultrapassar. A vida
é dele, o preço é ele quem paga e portanto só ele tem como saber o preço que
pode e que quer pagar. Uma das coisas mais importantes de aprendermos na vida é
saber aceitar que nem tudo podemos e controlamos mesmo que tenhamos boas
intenções.
Agora, vejo
também que há da sua parte idealização da meditação e do estilo de vida
oriental. Que as técnicas meditativas e orientais são uteis e existentes por
milênios todos sabemos, mas não é o remédio universal que serve a todos. Esse
remédio milagroso está mais nas suas fantasias que na realidade. No oriente, e
mesmo entre os monges praticantes de meditação, há também doenças e males que
são típicos do corpo e da condição humana. O próprio Dalai Lama, autoridade
máxima do budismo tibetano, afirmou que adoece fisicamente como qualquer outro,
afinal ele é um homem como qualquer outro. Idealizar uma existência independente
do corpo e dos seus males pode ser onipotência e medo de entrar em contato com
a própria humanidade.
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