Um homem passou grande parte de sua vida
trabalhando e vivendo em uma ilha que era considerada uma das mais belas do
mundo. Ao se aposentar, voltou para uma cidade grande e lá uma pessoa lhe falou: “Deve ter sido maravilhoso passar tantos
anos num lugar que é considerado uma das maravilhas do mundo!” O homem
pensou sobre isso e disse: “Se eu
soubesse que esse lugar era tão lindo, assim como todos falam, eu teria dado
uma olhada melhor nele”.
Parece que na história acima o homem era tão inconsciente, vivia trabalhando e se ocupando de outros afazeres, que era incapaz de
aproveitar o que estava ao seu redor. Não abria espaço dentro de si para a
experiência do encantamento e, por isso mesmo, não percebia a beleza do lugar
onde se encontrava. Passou anos vivendo (ou seria sobrevivendo?) dessa maneira.
Só quando alguém lhe falou que aquele lugar era especial ele se permitiu ficar
curioso. Sim, parece uma historieta boba e inocente, mas extremamente reveladora
do que muitas vezes fazemos conosco no dia a dia.
Quantas pessoas não estão assim? Muitas. Ficam
inconscientes de si mesmas e deixam de notar e conhecer coisas belas que têm
dentro de si próprias. Essa ilha espetacular e cheia de belezas é nada mais do
que a própria vida que temos a nosso dispor. Será que a apreciamos devidamente?
Creio que devido ao grande número de pessoas que se prolongam em sofrimentos e
lamentações a resposta seja um grande "não". Vamos nos ocupando com tantos outros
assuntos que nos desgastam que nossa vida fica sempre para segundo plano, como
uma coisa supérflua. Vivemos com tantos ônus que nos esquecemos de aproveitar
os bônus que existem.
Obviamente que a vida exige que trabalhemos, que
invistamos tempo e dedicação em muitas áreas da vida relativas ao mundo do
ônus. Afinal, isso é inerente à vida. Não há nada demais nisso. Entretanto,
também faz parte da vida se permitir aproveitá-la. Devemos sempre nos questionar se estamos aproveitando verdadeiramente o que está a nosso dispor e se a resposta for não, procurar meios de mudar isso. Caso contrário a vida passa a ser muito limitada. Aproveitar, contudo, não implica em viver um excesso
de prazeres sem fim. Isso é entorpecimento, que torna-se prisão. Viver o bônus é
muito melhor. Todos precisamos descobrir o bônus que está ao nosso alcance e
tirar dele o melhor proveito.
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