Há um alto número de pessoas ao redor do mundo que
consomem de maneira exagerada e crônica todos os dias. Isso faz surgir a
indagação sobre o que leva essas pessoas a agirem dessa forma. Todos somos
consumidores nessa vida: dos recursos naturais, dos produtos industrializados,
dos alimentos, etc. Todos dependemos do consumo de forma que consumir não é o
problema, mas torna-se um quando ele passa a ser realizado de maneira impulsiva
e repetitiva trazendo prejuízos e danos tanto objetivos quando subjetivos.
Na verdade, o consumismo compulsivo equivale às práticas como
adição as drogas, álcool, sexo, jogos, comida e cigarro. É um vício e como todo
vício tem relação com o indivíduo tentar preencher seus vazios existenciais com
ações que supostamente venham a dar um sentido à vida. De certa forma no
princípio tem-se um prazer ao comprar indiscriminadamente produtos e se
“encher” de objetos que parecem que vão trazer uma felicidade. Quantas pessoas
ao redor do mundo não alimentam expectativas de que quando possuírem tal ou
qual coisa irão ser felizes e sossegar? O problema é que a satisfação nunca
ocorre porque por maiores que sejam a quantidade de coisas que acumulam o vazio
está dentro, na mente, e não pode ser preenchido dessa forma.
O consumismo é uma tentativa infantil, ilusória e mágica
de se alcançar alguma satisfação. Por isso mesmo qualquer tentativa de se obter
algum sucesso através do consumismo está destinada ao fracasso e insatisfação
formando um terrível ciclo vicioso que se perpetua, ás vezes, estragando toda a
vida. Nada no mundo externo por mais brilhante e vistoso que seja poderá criar
aquilo que falta no mundo interno. O único caminho é parar de se dirigir para o
fora e se voltar para o dentro.
Pessoas que consomem impulsivamente
estão na realidade desesperadas. Nunca aprenderam a cuidar de si mesmas de
forma amorosa e construtiva e que priorize o crescimento. Comprar é uma ação e
essas pessoas partem rapidamente para a ação quando o que precisam é reflexão. Na
reflexão podemos pensar adequadamente sobre o que desejar e esperar da vida sem
recorrer a ilusões ou pensamentos mágicos. Na reflexão há chances de avaliarmos
melhor nossas atitudes e perceber que tipo de vida construímos. Requer muita
coragem e persistência abandonar as soluções infantis e muitas vezes precisamos
de ajuda dos familiares, dos amigos e profissional. Mas só mirando essas
questões internas, esse vazio, essas falhas que se formaram no decorrer da vida
que podemos criar recursos psíquicos que nos possibilitem sair dos vícios a que
nos prendemos. É mesmo árduo, mas sempre vale mais a pena enfrentar as dores do
que ficar desesperado agindo impulsivamente.
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