Por que sempre buscamos
ídolos e heróis. Não sei se os dois termos podem ser usados como sinônimos, mas
isso me ocorreu durante a Copa do Mundo. Apesar da seleção ter 11 jogadores,
era o "time do Neymar". O grande ídolo (que acabou por decepcionar,
diga-se de passagem). Na política as pessoas também têm essa necessidade, com
Lula é assim, o salvador da pátria, com Bolsonaro, o “mito”. Esta é uma
necessidade humana? Não sei se faz sentido, mas é uma dúvida que tenho.
Sua percepção
captou o quanto construímos ídolos, heróis, salvadores e mitos. Isso tem origem
na nossa infância. Quando crianças pequenas nos sentimos muito vulneráveis
frente à vida. Os adultos parecem ser muito fortes e invencíveis, têm respostas
para tudo e parecem ser capazes de fazer tudo. Alguns adultos são colocados,
pela imaginação da criança, como ainda mais fortes virando verdadeiros heróis.
Daí que personalidades do mundo esportivo, capazes de quebrar recordes e
assombrar a todos com suas habilidades, acabam virando ídolos. Com o tempo vemos que adultos também vivem os
seus problemas, medos e inseguranças e nos decepcionamos ao nos deparar que
heróis como imaginávamos não existem. Contudo nem sempre abandonamos essa
idealização.
Pessoas de
todas as idades, mas principalmente entre os adolescentes e jovens, criam
fã-clubes de seus artistas favoritos e esportistas. As celebridades tornam-se
figuras que vão ganhando toda uma “mitologia” que os distinguem dos meros seres
humanos mortais. São endeusados assim como no passado os bebês endeusaram os
pais e adultos. Porém deuses só poucos podem existir senão se tornaria muito
comum. Por isso num time de 11 jogadores um ou, no máximo, alguns poucos são
colocados no olimpo estratosférico.
É normal que
os jovens criem seus ídolos, faz parte do desenvolvimento. O problema passa a
ser quando adultos precisam criar ídolos. Espera-se que um adulto seja capaz de
lidar com a vida com mais base no princípio da realidade, sem tantas fugas
ilusórias e sem recorrer à idealização. Quando um adulto cria uma figura mítica
ou salvadora é a parte infantil que está atuando. Ora, um adulto sendo dirigido
pela parte infantil não tem mesmo como fazer boas escolhas nem pensar
apropriadamente. Fica infantilizado e recorre facilmente a seus heróis como
substitutos de seus papais e mamães.
Hoje vemos
na política esse movimento de infantilização. Seja o candidato que for, de
qualquer partido, mas se ele for visto e apresentado como salvador da pátria,
pai do povo, mito, herói na verdade está havendo uma idealização. E perigosa. A
política não é lugar para crianças que torcem por seus heróis. Não se trata de
torcer para algum candidato e vaiar o oponente, mas de avaliar sobre o que nós
como um povo realmente precisamos. Não se trata de dizer “Meu candidato é mais forte que o seu”. Isso são brigas infantis.
Olhar e
avaliar os candidatos e as necessidades políticas com mais pé no chão requer
abandonar a infância e as idealizações. Infelizmente nem todos desejam crescer
(a grande maioria) ou são capazes de crescer e daí vemos hordas de
eleitores/fãs se digladiando por seus “mitos e salvadores”. Um povo é resultado
da mente de cada um de seus membros e vemos o quanto o Brasil precisa
amadurecer urgentemente. Temos medo de crescer e nos responsabilizar pelas
nossas vidas e por isso procuramos avidamente um herói que seja nosso “adulto” que
cuide de nós.
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