A voracidade gera um estado de mente muito empobrecedor,
bem como coloca quem o vive num beco sem saída. A voracidade leva à ganância e
ao sentimento de que precisamos estar satisfeitos a todo momento e a toda hora, sem espaço algum para
frustração. A ambição desmedida mobiliza o sujeito a sempre ter mais e mais,
sem que o que tenha seja usufruído devidamente. O indivíduo voraz quer sempre
mais e não só no que se relaciona aos bens materiais, mas sempre exige mais e
cruelmente do amor dos outros e de si mesmo ficando impossibilitado de
aproveitar o que tem agora para viver. Quem funciona através da voracidade
sempre estará insatisfeito por mais que tenha.
É o que popularmente chamamos de saco sem fundo porque
nunca enche, nunca chega a um estado de satisfação onde o que foi conquistado
possa ser aproveitado prazerosamente. Pessoas vorazes desconhecem a dimensão do
prazer, porém reconhecem e se lamentam sempre da insatisfação que vivem. A
voracidade alimenta a inveja, o ciúme, o ódio ao mundo e à realidade. Está
sempre de olho naquilo que não tem ou não é e pouco caso faz daquilo que tem e
é.
O estado de voracidade causa muito desentendimentos entre
as pessoas, seja nos seus relacionamentos, nos seus trabalhos ou com a
sociedade. A vida fica impossível. Quanto mais voraz é alguém, por mais posses
até que tenha, mais pobre é essa pessoa e mais insatisfeita fica. A história
budista a seguir é de grande valia para pensarmos sobre isso.
Um rico mercador,
que tinha uma bela família e amigos, estava de viagem até chegar a um lugar
deserto onde encontrou uma caverna para passar a noite e descansar para seguir
adiante no dia seguinte. Ao olhar mais detalhadamente a caverna encontrou sete
grandes jarros fechados. Sua curiosidade o impeliu a abrir o primeiro jarro que
continha muitas moedas de ouro, mas tinha também um bilhete que dizia que todos
os jarros estavam cheios de tesouros e que ele poderia ser dono deles todos,
mas que ao se apossar deles ele deveria saber que tinham também uma maldição. O
mercador considerou, mas sua ganância o fez com que quisesse, mais do que tudo
na vida, possuir toda aquela riqueza e decidiu levar todos os jarros consigo.
Chegando em casa ele resolveu contar suas moedas de ouro e para sua surpresa
percebeu que o sétimo jarro estava cheio só até metade. Ficou bravo e chegou à
conclusão que deveria comprar mais ouro para deixar todos os vasos cheios por
igual. Foi acumulando cada vez mais moedas para preencher esse jarro, mas por
mais ouro que pusesse o jarro nunca ficava cheio, mas sempre pela metade. E
assim ele gastou toda a vida enchendo o sétimo vaso que nunca enchia ao invés
de aproveitar a riqueza que tinha.
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