segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Libido




            Há vários artigos na internet falando de pessoas assexuadas e sem libido. Isso é um engano porque não há como existir pessoas assim. O que há são pessoas que não se ligam ao sexo, mas uma coisa é sexualidade e outra é sexo. O termo libido é bastante usado em psicanálise e não tem ligação exclusiva com impulsos sexuais, mas é uma energia que move e impulsiona a mente e nossa relação com a vida.
            Sonhos, fantasias, ideias e pensamentos têm como combustível a libido, que bota a mente em funcionamento, seja este funcionamento sexual ou não. Sim, pois pode haver libido que nada tem a ver com o sexo biológico, como o que impulsiona os sentimentos religiosos, por exemplo. Entretanto, Freud não escolheu esse termo (libido) à toa. Para ele há todo um sentido em chamar essa energia de libido.
            A libido não é necessariamente ligada à sexo, mas também não é uma energia sem forma. A natureza da libido é sexual, de um jeito muito primitivo. Ela existe como algo inicialmente faminto por relações e emoções ligado aos prazeres corporais. Então essa energia não é assexuada, mas sexuada, pois quer contatos corporais, anseia por satisfações e correspondências de um modo bastante rudimentar e brusco. É tal qual uma paixão infantil, que quer amar e ser amada intensamente, criando o enamoramento. Freud apresenta assim a nossa natureza. Ele não afirma que temos o sexo na cabeça a toda a hora, mas que através dos prazeres corporais procuramos enamoramentos sensuais que vão se modificando ao longo da vida das mais variadas formas. Essa visão de libido foi uma das principais razões de rompimento entre Freud e Jung.
            Para a psicanálise, todo ódio e alegria, felicidade e tristeza, gentileza, delicadeza e rancores têm origem na maneira que a libido é vivida no início da vida. Ao longo dos anos a libido passa por inúmeras transformações que vão formando a pessoa que somos. Assim podem existir pessoas com uma libido transformada em sentimentos religiosos, artísticas ou outras diferentes formas de expressão. Isso não implica que os impulsos sexuais tenham sumido ou morrido, mas transformados. Agora, o que não existe é pessoa sem libido, pois esta estaria morta e inerte e não procuraria se ligar a nada na vida.

2 comentários:

  1. Interessante:"Para a psicanálise, todo ódio e alegria, felicidade e tristeza, gentileza, delicadeza e rancores têm origem na maneira que a libido é vivida no início da vida."

    ResponderExcluir
  2. Muito bom parabéns excelente trabalho ótimas dicas

    ResponderExcluir