Sou uma mulher independente financeiramente e bem resolvida. Pelo menos
eu acho. Só que na sexualidade não sou nada resolvida. Tenho 31 anos e nunca
consegui ter um orgasmo até hoje. Nem sei se é possível eu ter orgasmos. Quando
vou para a cama com um homem é mais para agradá-lo e fazer com que ele se
interesse por mim do que por eu querer mesmo. É mais para ter o homem aos meus
pés, sob meu controle. Eu queria gostar de sexo, mas não consigo. Quando um
homem me abraça eu me sinto presa e enrijecida. Nunca sofri nenhum trauma,
então não sei explicar de onde isso vem. A única coisa que eu penso é que como
sou uma pessoa dedicada a espiritualidade pode ser que minhas meditações vêm
tirando minha sexualidade. Isso é possível?
É
grande o número de pessoas que são bem resolvidas intelectualmente e
profissionalmente, mas não o são em sua sexualidade. A sexualidade está muito
ligada à vida emocional. O que nos permite pensar que uma pessoa sem estar bem
com sua sexualidade é porque não está bem emocionalmente e com seu lado mais
pessoal e geralmente oculto. Nesses momentos de nada adianta ter uma vida
intelectual desenvolvida porque não haverá uma “pessoa” de verdade para
usufruir da vida. Precisamos sempre nos voltar ao nosso lado emocional uma hora
ou outra.
Há
vezes que o sexo, para as mulheres, é encarado como se fosse um trunfo que elas
pudessem usar para conquistar os homens e agradá-los. Usa-se do sexo para
conseguir a atenção de um homem e não como mais uma parte importante da vida
psíquica para se ter uma vida plena. Quando o sexo é vivido desta maneira ele
se torna uma arma e não mais um direito. A sexualidade fica, então,
desconhecida e subutilizada.
Também
não sei explicar de onde vem esse seu bloqueio
com o sexo, pois para isso necessita-se de mais informações. Agora, o que
podemos pensar é que sexo é entrega emocional em grau profundo e que essa
entrega nunca é fácil e não vem de graça, mas é conquistada. Entregar-se à
própria sexualidade implica em abandonar os amores da infância e tornar-se
adulto. Isso é difícil porque se por um lado desejamos crescer e nos entregar às
novidades, por outro lidar com o medo do desconhecido traz angústias e ansiedades
que não são fáceis de serem toleradas. Daí, para não ter que suportar o que lhe
é despertado quando alguém te abraça e te toca você fica enrijecida e congelada
e perde uma parte importante da vida.
Não
é a meditação nem o yoga que te priva da sexualidade, mas provavelmente o seu
próprio medo. Que tal procurar por uma análise? Um lugar onde você possa
ir criando uma pessoa adulta que não mais precise abdicar da sexualidade adulta?
Sei que dá medo, afinal, crescer é sempre aterrorizador, mas chega uma hora que
mais aterrorizador é ficar numa posição onde a vida não pode ser vivida
plenamente. Chega um momento que não basta crescer apenas intelectualmente, mas
através das próprias experiências de vida.
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