sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Pergunta de Leitora - Sexo é um Direito




Sou uma mulher independente financeiramente e bem resolvida. Pelo menos eu acho. Só que na sexualidade não sou nada resolvida. Tenho 31 anos e nunca consegui ter um orgasmo até hoje. Nem sei se é possível eu ter orgasmos. Quando vou para a cama com um homem é mais para agradá-lo e fazer com que ele se interesse por mim do que por eu querer mesmo. É mais para ter o homem aos meus pés, sob meu controle. Eu queria gostar de sexo, mas não consigo. Quando um homem me abraça eu me sinto presa e enrijecida. Nunca sofri nenhum trauma, então não sei explicar de onde isso vem. A única coisa que eu penso é que como sou uma pessoa dedicada a espiritualidade pode ser que minhas meditações vêm tirando minha sexualidade. Isso é possível?

            É grande o número de pessoas que são bem resolvidas intelectualmente e profissionalmente, mas não o são em sua sexualidade. A sexualidade está muito ligada à vida emocional. O que nos permite pensar que uma pessoa sem estar bem com sua sexualidade é porque não está bem emocionalmente e com seu lado mais pessoal e geralmente oculto. Nesses momentos de nada adianta ter uma vida intelectual desenvolvida porque não haverá uma “pessoa” de verdade para usufruir da vida. Precisamos sempre nos voltar ao nosso lado emocional uma hora ou outra.
            Há vezes que o sexo, para as mulheres, é encarado como se fosse um trunfo que elas pudessem usar para conquistar os homens e agradá-los. Usa-se do sexo para conseguir a atenção de um homem e não como mais uma parte importante da vida psíquica para se ter uma vida plena. Quando o sexo é vivido desta maneira ele se torna uma arma e não mais um direito. A sexualidade fica, então, desconhecida e subutilizada.
            Também não sei explicar de onde vem esse seu bloqueio com o sexo, pois para isso necessita-se de mais informações. Agora, o que podemos pensar é que sexo é entrega emocional em grau profundo e que essa entrega nunca é fácil e não vem de graça, mas é conquistada. Entregar-se à própria sexualidade implica em abandonar os amores da infância e tornar-se adulto. Isso é difícil porque se por um lado desejamos crescer e nos entregar às novidades, por outro lidar com o medo do desconhecido traz angústias e ansiedades que não são fáceis de serem toleradas. Daí, para não ter que suportar o que lhe é despertado quando alguém te abraça e te toca você fica enrijecida e congelada e perde uma parte importante da vida.
            Não é a meditação nem o yoga que te priva da sexualidade, mas provavelmente o seu próprio medo. Que tal procurar por uma análise? Um lugar onde você possa ir criando uma pessoa adulta que não mais precise abdicar da sexualidade adulta? Sei que dá medo, afinal, crescer é sempre aterrorizador, mas chega uma hora que mais aterrorizador é ficar numa posição onde a vida não pode ser vivida plenamente. Chega um momento que não basta crescer apenas intelectualmente, mas através das próprias experiências de vida. 

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