O ano de 2017 chega perto do fim e o de 2018 aproxima-se
do começo. Em si, trata-se apenas de uma mudança “artificial” criada pelos
humanos para mudar o calendário. Os anos letivos dos cursos, a organização e
planejamento das empresas, as temporadas dos programas de televisão, as
eleições são todos regulados pela passagem dos anos. Na natureza não existe
mudanças na folha do calendário, mas o que existe são as estações do ano
chegando e indo mostrando que mais um ciclo termina e começa. Todavia, nossas
vidas, do nascimento à morte, são medidas em anos e por isso contamos a nossa
idade. O ano mede a duração de tempo que vivemos e quanto ainda podemos viver.
Entretanto, possuir muitos anos de vida não significa,
realmente, que se viveu de fato. Há uma diferença gritante entre viver e
acumular idade. Há pessoas que existem há dezenas de anos, mas ainda estão à
espera de viver a vida e há outras que não duraram muitos anos, mas que viveram
em intensidade e profundidade tudo o que podiam. Alguns se assustam com a idade
que têm e se perguntam aonde foram parar todos os anos que já contaram.
Sentem-se roubados, como se a vida roubasse o tempo e o fizesse passar muito
depressa. Podemos, porém, pensar que a vida não roubou tempo mas que ele não
foi aproveitado devidamente.
No fim do ano são muitas as pessoas que se questionam
sobre o que conseguiram, sobre o que acumularam e conquistaram. Sobre se
arrumou um namorado ou namorada, se compraram aquela casa espetacular, se
adquiriram o último modelo de celular, etc. Nas festas de fim de ano as
comparações com os demais familiares e amigos são cruéis. Cada um avaliando
como foi o ano do outro e o quanto o outro, aparentemente, se deu melhor. Até a
felicidade do outro é quantificada e nos sentimos fracassados quando achamos
que alguém foi muito mais feliz que nós.
São poucas as pessoas, no entanto, que se indagam sobre
se viveram bem, sobre a qualidade das experiências e relacionamentos que
puderam usufruir ao longo do ano. Se a passagem do ano pudesse ser um ponto
onde refletíssemos sobre o que vivemos de fato as festas de fim de ano seriam
muito agradáveis e não tão cheias de dissabor e dor. Quando a gente pode olhar
com gratidão para o que vivemos ficamos abertos ao que ainda podemos viver, ao
que o desconhecido ainda pode trazer e nos surpreender. Agora, se medimos a
mudança no calendário baseado no que acumulamos ficamos apenas atentos ao que
não temos, ao que nos falta e isso empobrece a vida.
Escolher como vamos viver a passagem de mais um ano é
fundamental. Mas escolher requer consciência. Quem escolhe mal ou errado é
porque está inconsciente dos valores para a vida. Coloca os valores em lugares
equivocados e espera encontrar neles o que eles não podem jamais oferecer.
Assim muita gente vive, ou melhor, sobrevive. Sobreviver não é o mesmo que
viver e confundir um com o outro é reduzir muito as possibilidades que temos.
Obviamente que há adversidades nessa vida, dores que nos
machucam severamente, mas mesmo com todos esses percalços o que ainda podemos
desfrutar? O que podemos viver? Afinal, quem disse que a vida só vale a pena se
não houver dificuldade e sofrimento nela? Como se isso fosse possível!
Que o ano que se aproxima venha a ser usado para criarmos
uma consciência de como melhor viver, de como sermos mais eficientes em nossos
acordos ao longo da vida. Sempre teremos que fazer acordos com nossas dores,
angústias e adversidades que impedem melhor apreciarmos a vida, mas a forma que
fazemos esses acordos pode fazer com que paguemos muito alto ou um preço justo.
Que a melhor resolução para 2018 seja vivermos verdadeiramente melhor. Um feliz
2018!
O Blog retornará com suas publicações dia 12 de Janeiro de 2018.
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