Na nossa vida diária que demanda
tanta correria prestamos muita atenção nos problemas do dia a dia e que são
concretos: o aluguel, a fatura do cartão, a lista do supermercado, os que os
vizinhos estão dizendo da gente, o bar que abriu na esquina, mas nada disso tem
importância quando nos encontramos, por exemplo, no nosso leito de morte. Quem
está no fim da vida jamais dirá coisas como “Sempre
economizei muito para ter uma bela poupança”, “Todos me admiraram porque
comprei meu apartamento”, “Estou feliz porque comprei aquela TV tela plana”.
Não, o que as pessoas que estão para morrer indagam é sobre como viveram a
vida.
Os
problemas e adversidades concretos são reais e devemos, sim, tentar resolvê-los
da melhor maneira possível, mas não são essas questões que nos dão o tom da
vida. Pelo menos não deveria ser e se assim é, é porque não estamos dando
importância para o que realmente importa.
No
fim da vida são basicamente três coisas que são consideradas pela grande maior
parte das pessoas. A primeira é se se fez uma diferença na vida. Isso não
implica em ganhar o prêmio Nobel ou ter sido um grande artista de renome
internacional. Fazer diferença é muito mais simples do que imaginamos. É
encantar alguém, brincar com alguém, amar e se permitir ser amado. Cuidar e ser
cuidado. Dar bom dia para um porteiro mal humorado e deixar de lado questões
que no fundo são irrelevantes. Isso é fazer diferença na vida. Parece pouco,
mas é inestimável a importância de se viver assim.
A
segunda coisa que ronda a cabeça de quem está para morrer é ver se se permitiu
viver o que tinha que ser vivido. É imenso o número de gente que deixa de viver
relações e situações reais e importantes porque achavam que ganhar a vida era o
mais importante. Pais que não aproveitam os seus filhos, filhos que não
aproveitam seus pais, amigos que não olham e cuidam de suas amizades e amantes
que não se voltam para o amor estão por aí se desperdiçando. As relações que
podemos viver não podem jamais ficar para amanhã. Já a terceira indagação tem a
ver com não ser esquecido. Mas só não vai ser esquecido quem se permitiu viver
de verdade. Ninguém vai dizer “Aquele
sujeito sempre foi tão pontual com o pagamento de seu cartão de crédito! Que
saudades dele!” Será lembrado aquele que ousou ser verdadeiro e até mesmo
inoportuno em alguns momentos.
Obviamente
que não estou dizendo aqui que não devemos pagar nossas contas e respeitar
nossos compromissos, mas a vida é muito mais que isso e o que levamos dessa
para melhor não são nossos bens ou o prestígio social que angariamos, porém são
as atitudes que propiciaram a vida acontecer. As prioridades que nos tornam
humanos não podem jamais ser esquecidas e relegadas à segundo plano. Afinal,
viemos aqui para sermos humanos. Simplesmente humanos.
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