Devemos desconfiar das pessoas que querem consertar o
mundo. Pessoas que têm a resposta para todos os problemas que existem, sejam
eles de ordem política, econômica, social, familiar, pessoal, etc. É também de
desconfiar aquelas pessoas que se engajam com tanta intensidade em movimentos ortodoxos
que visam aperfeiçoar as instituições e movimentos em todos os lugares. O que é
de se desconfiar não é que elas sejam más ou tenham segundas intenções, mas que
são infantis e que desejam lidar com o mundo de maneira muito simplista.
A vida, o mundo, as sociedades não são perfeitos e nem
apresentam as melhores condições, muito pelo contrário, trazem dor e sofrimento
enormes. Estar vivo é doloroso e é constantemente entrar em contato com o
sofrimento. Não é mesmo fácil e é assustador. Ficamos como crianças
aterrorizadas diante de tantas injustiças e dores que nós e muitos outros temos
que enfrentar cotidianamente. No entanto, uma das grandes lições a que somos
chamados a aprender é aceitar a vida como ela é.
Isso não quer dizer, obviamente, que não devemos lutar
por melhorias e se levantar contra as injustiças. Claro que devemos sempre
procurar pelo melhor. Contudo, o que vemos são pessoas promovendo lutas tão
grandiosas e eloquentes, enquanto não mudam nada em si mesmas. Querem resolver
a dor fora e não dentro, seja de si mesmo ou da sociedade. Buscam, ás vezes
cegamente, a justiça externa, sem jamais serem jutos com o que vêm fazendo e
vivendo. Desejam tanto consertar o mundo que esquecem que isso é impossível, já
que o que é possível é consertar a si mesmo. Ninguém pode e nem precisa consertar
o mundo e a vida, mas apenas a si próprio.
As verdadeiras mudanças que vêm para melhorar a vida não
vieram porque alguém quis aperfeiçoar o mundo, mas vieram de alguém que teve
que enfrentar a dor interna e encontrou meios de lidar com ela de uma forma
eficiente que acabou transformando outras pessoas ao redor. Até porque quando
houve pessoas querendo consertar o mundo apenas, o que mais conseguiram foram
trazer mais dor e destruição. Quando isso acontece é devido haver somente o
desejo de consertar o que está fora, sem nem vislumbrar o que se passa dentro.
Você quer um mundo mais justo e mais humano? Comece com
você mesmo. Com a maneira que você lida consigo, com suas escolhas e o jeito
que trata o seu vizinho. Se perceber que está aquém do que você pode oferecer
comece corrigindo por aí. Com certeza essa atitude será como uma chama que vai
se espalhando cada vez mais até virar algo maior e que transforme o mundo. Até
mesmo a palavra “aperfeiçoar” tem afeição no meio. Trata-se de um afeiçoar a si
mesmo para que possamos nos afeiçoar ao mundo. Essa é que é a luta que devemos
empreender.
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