A
droga representa um sério problema de saúde pública que não temos como fechar
os olhos. Muitas vezes tendemos a achar que as drogas não são tão problemáticas
assim, mas quando alguém próximo, amigo ou da família, aparece com problemas em
relação às drogas acordamos assustados e impotentes frente a essa questão que
vem cada vez mais se ampliando. Ficar dependente das drogas atinge todas as classes
sociais e causa um estrago na economia do país, na organização da família e na
vida emocional de muitas pessoas. Enfim, temos que abrir os olhos sem demora.
Muitos
repetem como mantra que as drogas destroem lares e famílias, bem como pessoas
que antes do envolvimento com as drogas eram sérias. A verdade não é tão
simples assim. A droga não transforma ninguém, ela não tem esse poder. Agora, o
poder que ela tem e que é devastador é que ela intensifica o que já existe no
sujeito. Em outras palavras, se um dado indivíduo tiver conteúdos muito
destrutivos dentro de si, ao fazer uso da droga essa destrutividade interna
será potencializada e isso, sim, será devastador. No entanto, o que precisamos
perguntar é: quem são essas pessoas que ficam dependentes das drogas?
Não
é fácil responder uma pergunta tão abrangente assim por uma razão muito
especial, dentre muitas outras. É que o ser humano não pode ser simplificado de
maneira leviana, sendo que há inúmeros aspectos em uma vida que não temos como
colocar em palavras e descrever. Mas podemos arriscar dizer que as pessoas que acabam
nas drogas estão com seu mundo interno todo bagunçado, para não dizer
enlouquecido. E aquelas pessoas que pareciam tão sérias antes das drogas? Como
caíram nessa? Bem, a resposta pode ser justamente que elas pareciam estar bem
organizadas e estruturadas, porém não eram tão estruturadas assim.
O
problema com as drogas não será resolvido apenas com ações policiais e
jurídicas. As
drogas são um problema que concerne uma educação sentimental. Esta não tem nada
a ver com a educação acadêmica e intelectual, mas com a forma com que as
pessoas lidam com suas emoções e sentimentos. A educação sentimental tem
relação com a maneira que nos organizamos internamente. Podemos mirar no
tráfico, nas punições, mas enquanto não houver uma mudança de consciência de
todos as drogas sempre continuarão a ser um problema. Claro que é um trabalho
que demanda tempo e persistência, mas que devemos começar agora. Deixo a
pergunta: será que são as drogas que são destrutivas ou somos nós?
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