segunda-feira, 5 de junho de 2017

Calamidade




            A droga representa um sério problema de saúde pública que não temos como fechar os olhos. Muitas vezes tendemos a achar que as drogas não são tão problemáticas assim, mas quando alguém próximo, amigo ou da família, aparece com problemas em relação às drogas acordamos assustados e impotentes frente a essa questão que vem cada vez mais se ampliando. Ficar dependente das drogas atinge todas as classes sociais e causa um estrago na economia do país, na organização da família e na vida emocional de muitas pessoas. Enfim, temos que abrir os olhos sem demora.
            Muitos repetem como mantra que as drogas destroem lares e famílias, bem como pessoas que antes do envolvimento com as drogas eram sérias. A verdade não é tão simples assim. A droga não transforma ninguém, ela não tem esse poder. Agora, o poder que ela tem e que é devastador é que ela intensifica o que já existe no sujeito. Em outras palavras, se um dado indivíduo tiver conteúdos muito destrutivos dentro de si, ao fazer uso da droga essa destrutividade interna será potencializada e isso, sim, será devastador. No entanto, o que precisamos perguntar é: quem são essas pessoas que ficam dependentes das drogas?
            Não é fácil responder uma pergunta tão abrangente assim por uma razão muito especial, dentre muitas outras. É que o ser humano não pode ser simplificado de maneira leviana, sendo que há inúmeros aspectos em uma vida que não temos como colocar em palavras e descrever. Mas podemos arriscar dizer que as pessoas que acabam nas drogas estão com seu mundo interno todo bagunçado, para não dizer enlouquecido. E aquelas pessoas que pareciam tão sérias antes das drogas? Como caíram nessa? Bem, a resposta pode ser justamente que elas pareciam estar bem organizadas e estruturadas, porém não eram tão estruturadas assim.
            O problema com as drogas não será resolvido apenas com ações policiais e jurídicas. As drogas são um problema que concerne uma educação sentimental. Esta não tem nada a ver com a educação acadêmica e intelectual, mas com a forma com que as pessoas lidam com suas emoções e sentimentos. A educação sentimental tem relação com a maneira que nos organizamos internamente. Podemos mirar no tráfico, nas punições, mas enquanto não houver uma mudança de consciência de todos as drogas sempre continuarão a ser um problema. Claro que é um trabalho que demanda tempo e persistência, mas que devemos começar agora. Deixo a pergunta: será que são as drogas que são destrutivas ou somos nós?

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