Quase
todos, claro que há exceções, nascemos em hospitais com ajuda de enfermeiros e
médicos. Temos toda uma assistência que traz da melhor forma possível um
pequeno bebê ao mundo. Não só o bebê se beneficia dessa ajuda como também a mãe
e todos os outros parentes envolvidos e ansiosos quando um parto está para
ocorrer. Uma gestante, sozinha, até pode ter condições de parir e tudo ir bem,
mas o sentimento de medo seria massacrante e desumano de forma que não medimos
esforços para ajudar alguém nascer. E para morrer? Será que não poderíamos em
alguns casos receber ajuda?
A palavra eutanásia
vem do grego e significa a boa morte.
Define-se eutanásia como o ato de
proporcionar morte sem sofrimento a um doente atingido por afecção incurável
que produz dores intensas. Em outras palavras: é quando a vida já não é mais
vida e passa a ser intolerável e desumana trazendo sofrimentos e desesperança
destruidores. Entretanto, falar em eutanásia é o mesmo que mexer no vespeiro,
pois desperta medos em muita gente.
Médicos são, geralmente, contra a
eutanásia. Ao meu ver isso tem a ver com o narcisismo deles já que muitos
médicos tem o interesse de apenas
prolongar indefinidamente a vida como se assim vencessem a morte. A grande
verdade é que morrer não é indigno, ao contrário, a própria natureza nos
proporciona a morte tornando-a uma benção quando a vida já não se faz
mais possível. Indigno é viver de maneira desumana ou prolongar-se naquilo que
não é a vida, mas um arremedo dela.
Cada um é responsável por si e por
suas decisões. Se uma pessoa decide que não quer prolongar-se artificialmente
ou continuar suportando dores infernais ela tem o direito de assim decidir. E
por que ela não poderia receber ajuda para tal? Se recebemos ajuda para nascer
por que não poderíamos ser ajudados a morrer dignamente em casos específicos?
Infelizmente o preconceito e a ignorância afirmam que isso não se faz e ponto; e
todo o debate necessário para essa questão fica censurado e envolto em véus de
tabu.
Mas quem vai decidir quando um caso
não dá mais esperanças de vida e recuperação? Qual a fronteira entre um ato de
humanidade de alívio aos sofrimentos para de um simples assassinato? Por isso
que o debate se faz necessário e vital. No entanto, debater requer não se guiar
por preconceitos, crenças religiosas e afirmações prontas, mas se abrir ao que
nos torna verdadeiramente humanos. Por seus medos e ignorâncias a humanidade e
muitos profissionais que deveriam se manter abertos prestam um desserviço e
geram muitos sofrimentos desnecessários. Canadá, Suíça e Holanda são países
onde a eutanásia é permitida e neles essas questões foram e ainda são debatidas
seriamente e o que move essas discussões é colocar, acima de tudo, a dignidade
humana como ponto principal.
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