segunda-feira, 29 de maio de 2017

Perigos Próximos




            Um dia no shopping vi um menino, de mais ou menos 3 anos, correndo alegremente entre as pessoas. Ele era muito simpático, uma graça, passou por mim e quando notou que eu o olhava me abriu um sorriso encantador. Procurei ao redor quem estava com ele e não achei ninguém que estivesse realmente atento ao menino. Continuei olhando até que uma hora o menino falou com quem acredito fosse o pai dele. Só que o pai estava de costas, sem desviar sua atenção do celular e bebendo cerveja. O menino continuou passando entre várias pessoas e me dei conta do perigo que corria. Está certo que shoppings têm câmeras, mas mesmo assim alguém mal-intencionado poderia fazer algum mal àquele garoto e até mesmo leva-lo embora. Fiquei preocupado com aquele menino que estava só e sem ser devidamente cuidado.
            Quantas crianças por aí não são cuidadas adequadamente? Que estão sozinhas no meio de tantos e assustadores perigos? Como uma criança aprenderá a se cuidar se ela não é, primeiro, cuidada? Quando somos cuidados, quando percebemos que alguém zela por nossa integridade, física e mental, temos a chance de internalizar esses cuidados e aprender a nos cuidar e zelar por nosso bem estar. Assim, o olhar que tinham para conosco transforma-se no autocuidado tão necessário.
         Queremos que muitos jovens saibam reconhecer o perigo e se defender das ameaças do mundo, mas isso será algo impossível porque esses mesmos jovens nunca viveram de forma plena uma experiência de ser cuidado e por isso não têm condições de se protegerem apropriadamente. Quem não sabe se proteger aceita qualquer convite mesmo que este leve ao perigo. Quem nunca foi cuidado pode acabar até se relacionando com pessoas agressivas e abusivas no futuro e nem entenderão que poderiam evitar esses relacionamentos.
            Cuidar de uma criança, entretanto, não é deixa-la medrosa e desconfiada de tudo e de todos. Isso também não ajudaria em nada e só a deixaria numa posição vulnerável. Como sempre o equilíbrio é que é bom. Devemos ajudar os pequenos a investigar e descobrir o mundo ao seu redor, mas também cuidar para que eles aprendam a reconhecer os perigos próximos e não aceitar qualquer convite que em princípio soa muito bom, mas que pode ter resultados trágicos. Desse jeito, uma criança crescerá para se tornar um adulto mais preparado para a vida.  

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