Tenho 26 anos e sou formado num bom curso em uma boa faculdade. Nunca me
faltou trabalho, mas não tenho prazer nenhum. Faço porque tenho que trabalhar.
Vivo com meus pais e só tive um namoro. Quase não saio e nem tenho amigos.
Minha vida sexual se resume apenas à masturbação. Não sei o que fazer para ser
mais entusiasmado com a vida. Tudo parece não me fazer muito sentido. Me sinto
muito dependente dos meus pais. Até mesmo nas férias eu só viajo com eles e
nunca viajei sozinho ou com amigos. Como posso deixar de ser tão submisso e
cortar de vez o cordão umbilical?
Aos
26 anos tendo cursado um bom curso em uma boa faculdade você mostra que cresceu
intelectualmente. Sua parte racional vai muito bem. No entanto, sexualmente
você não cresceu e fica ainda na posição de menino. Não tem vida própria e
sente que depende dos pais para tudo. O que se faz necessário entender é o que
você faz com sua sexualidade.
Com
sexualidade não quero dizer necessariamente ter uma vida sexual ativa, mas em
poder abandonar a infância e ser de fato um homem adulto. Sem a sexualidade não
crescemos ou se crescemos é apenas parcialmente, como o seu caso. É um
profissional, porém é também um menino. Internamente, permanece-lhe uma parte
infantil intensa que te impede de melhor aproveitar a sua vida como adulto.
Hoje, a sua sexualidade está retraída, ou seja, não foi desenvolvida
plenamente.
O
problema de se permanecer com uma sexualidade parcial é que se fica
infantilizado. Entretanto, só alguém adulto pode de fato se realizar, criança
não. Se realizar implica em uma audácia e ousadia maior, que são fatores da
sexualidade. A criança só quer ficar com os pais e desconfia de estranhos e não
quer se relacionar com eles, já que isto demanda uma ousadia (sexualidade) que
ainda não possui. Sem a sexualidade ficamos retraídos e numa apatia sem graça e
só resta mesmo o colo da mãe e do pai. Sem possuir uma sexualidade fica apenas
o desejo por proteção, que você encontra nos seus pais e ambiente familiar. A
sexualidade, por outro lado, não propicia essa proteção, mas te convida a
experimentar o mundo e assumir riscos.
Quem
troca a sexualidade pela proteção não se dispõe a relacionar-se com quem quer
que seja fora do ambiente familiar e se o faz é de forma mecânica e sem
envolvimento algum. Com essa atitude não forma laços afetivos e nem se deixa
“incendiar” por novos contatos, resultando em menos experiências emocionais de
valor, maior desconfiança com o mundo e maior dependência ao conhecido. Em
resumo, fica-se numa posição infantil e medrosa em relação a tudo que te exija
desbravar o desconhecido. O resultado é uma vida empobrecida. Crescer é
arriscado, mas permanecer no cordão umbilical além da conta também é. E agora?
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