O
que há de gente mimada não está escrito. Por mimado não se quer dizer que é ter
tudo o que ser quer ou ter todas as suas vontades satisfeitas. É muito mais do
que isso. Ser mimado significa ficar entregue aos próprios impulsos sem nada
que os segure. Uma pessoa mimada, então, é alguém que não é capaz de tolerar o
que sente e que precisa jogar para fora, expulsar, ou seja, atuar fora de si
tudo o que vem sentindo.
Quando
alguém não consegue tolerar o que sente, quando os impulsos são muito intensos
e não há uma mente que dê conta deles, esse alguém explodirá, brigará
facilmente, dirá poucas e boas para quem quer que esteja por perto. Em outras
palavras, uma pessoa assim esperneará toda vez que sentir um sentimento de
desagrado. Isso é ser mimado. Ela não consegue “guardar” nada e o que quer que
for que ela esteja sentindo não pode ser trabalhado, pensado e transformado.
Reagir
de forma mimada empobrece. É que agindo assim a mente fica limitada apenas a
servir como algo que somente expulsa o que se sente de desprazer e não é
utilizada para se pensar. Pobreza mental é quando não utilizamos a mente de
fato, mas apenas de maneira evacuatória. E a mente para a pessoa mimada é
apenas algo que facilita a evacuação. Entretanto, a mente é algo que se bem
utilizada desenvolve recursos cada vez mais eficientes para que possamos lidar
com as coisas que sentimos e com isso aproveitemos melhor a vida.
O
problema de não se ter uma mente desenvolvida é que todos os impulsos sentidos
não encontram limites, algo que os intermedeie. Por isso que alguém mimado fica
entregue aos impulsos de forma crua e violenta, já que não conta com uma mente
que seja capaz de filtrar o que sente e impor limites. Limites a gente não
deve impor só às crianças e aos outros, mas a nós mesmos também quando necessário. Sem limites a
gente fica vulnerável demais ao que sentimos e a única maneira que vamos dispor
para lidar com tudo isso é evacuando, ou seja, jogando tudo o que sentimos para
fora sem nem perceber a forma que estamos fazendo isso. Isso tudo abre espaço
para os mal-entendidos, explosões de fúria, drogadição, atitudes autodestrutivas e muitos outros comportamentos bem
característicos de pessoas sem uma mente suficientemente desenvolvida para dar conta da vida.
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