sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Pergunta de Leitora - Excessos




Tenho um filho pequeno e que amo muito. Ele tem 7 anos e morro de medo que algo lhe aconteça. Ele é tudo na minha vida e só de pensar que algo ruim pudesse lhe acontecer eu fico em pânico. É tanto amor que chega a doer. Ele hoje está obeso, bem acima do que o médico pediatra recomenda, mas eu prefiro que ele fique mais forte do que fraco. Minhas irmãs acham que eu o estou estragando e o mimando, mas elas nunca tiveram filhos, então não sabem o que se passa no coração de uma mãe. Mesmo assim eu penso que o medo que tenho de meu filho se machucar ou coisa pior está aumentando e me tirando o sono. Não sei mais o que fazer a esse respeito. O que pode me dizer?

            É mais que natural que uma mãe fique preocupada com o bem estar de seu filho. Afinal, essa preocupação faz parte da função materna e é justamente esta que permite que o filho se desenvolva com segurança e cuidado. O problema, entretanto, está quando a preocupação passa a ser excessiva. Ela deixa, então, de ser preocupação e passa a ser uma obsessão. E obsessão tem mais a ver com angústias do que de fato com amor.
            O que se faz necessário é que você entenda o que quer dizer com “é tanto amor que chega a doer”. Amor não deve ser uma constante preocupação e mesmo que o amor também tenha um lado que pode ser bastante doloroso ele não deve ter a dor como condição. Provavelmente você fala de outra coisa, de outro sentimento e não de amor. Com isso, é claro, não quer dizer que você não ame o seu filho, apenas que algo mais vem se misturando ao seu amor.
            Quando algo nocivo se mistura ao amor pode provocar uma deturpação. Torna-se um amor que perde as suas características e vira um controle sobre o objeto, ou seja, seu filho ao invés de ser amado passa a ser controlado. A obesidade dele, por exemplo, pode ser fruto desse controle seu. Isso é prejudicial, pois transforma algo bom que deveria ser o amor em algo pesado e complicado. Quando você diz que “ele é tudo na sua vida” você coloca nele um peso enorme e que pode propiciar futuramente nele um sentimento de culpa em relação a você. Como isso poderia ser bom? Ao contrário, isso é receita para infelicidade.
            Outra coisa também bem importante você investigar é que representação esse filho tem para você. Digo isso porque pela maneira que você fala dele e se coloca, ele tem uma representação simbólica que ultrapassa a de filho, como se ele te servisse para compensar alguma falta ou carência. Filhos não servem e jamais devem ser usados para suprir o que os pais sentem falta. Fazer isso é um exercício egoísta que nada tem a ver com amor, mas com narcisismo. Se sua relação com seu filho for narcísica você o prejudica e muito! E lembre-se, ser forte e ser obeso não são sinônimos, são bem distintos. Que tal rever alguns pensamentos?

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