segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Análise de Filme - Ele está de volta



            No filme alemão Ele está de volta (Er Ist Wieder Da, 2015) temos uma "comédia" onde Hitler aparece na Berlim atual pronto para dominar e impor a sua ideologia. Há alguns momentos realmente hilariantes no filme, mas conforme o enredo prossegue vai se tornando outra coisa que não mais comédia, porém um alerta para todos nós em qualquer lugar do mundo. O filme vestiu-se de comédia para em dado momento dar as caras: mostrar o quanto a ideologia cega, seja de qualquer cor ou forma, é perigosa e muitas vezes letal.
            O roteiro trata de Hitler no mundo atual, cheio de novas tecnologias e formas de comunicação. Se antes havia rádios ou filmes que o ditador usava para transmitir suas ideias deturpadas e seduzir o público, agora há grandes canais de televisão, imensos jornais e a poderosa internet. Hitler não precisaria se contentar com apenas um império limitado, mas com todo o planeta. O filme não esclarece como o führer surgiu nos tempos atuais. Máquina do tempo? Portais espaciais? Física quântica? Artimanha do diabo? Na verdade, isso pouco importa porque não é Hitler, personagem histórico, mas é o Hitler que em todos os tempos e em todos os lugares são criados e ascendem ao poder.
            Infelizmente “hitlers” sempre estiveram aqui. Seja um líder religioso cheio de discurso de ódio, um partido político repleto de ideologias nocivas e enganadoras, um executivo nas empresas que manipula, corrompe e abusa, um profissional da saúde que tira vantagem dos pacientes ou qualquer um que em sua casa prega o preconceito e a arrogante certeza de que é melhor que os outros. Há ditadores por todos os lados e cada um deles cego por suas ideias altamente valorizadas.
            Lidar com o ódio que existe dentro de nós não é brincadeira. É trabalho sério e mais que necessário. Combater Hitler hoje em dia é mais que combater e lutar contra alguém lá fora, contudo é olhar para dentro e aprender a lidar com tudo aquilo que há de mais destrutivo internamente. E se pensamos que “eu estou muito bem resolvido e não tenho nada disso dentro de mim, mas são os outros” deveríamos reconsiderar. Um Hitler só torna-se poderoso quando o Hitler interno de cada um autoriza isso acontecer. Como está e o que vem fazendo o seu Hitler aí dentro?

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