sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Pergunta de Leitor - Caminhar para Achar o Caminho




Tenho 28 anos e por muito tempo na minha vida eu quis ser padre. O que sempre me motivou a ser padre foi virar santo. Sei que isso soa vaidade, mas foi assim. No entanto, hoje eu não sou padre, mas ainda fico em dúvida de que caminho seguir e o tempo está passando. Esperei sempre que Deus viesse falar comigo, que me desse um sinal do que era para eu fazer. Nunca recebi sinal nenhum. Acredito firmemente em Deus, mas me sinto perdido. Não sei o que ele quer para mim. Não sei o que ele quer que eu faça. Não sei se devo me apaixonar por uma garota e levar uma vida leiga ou criar coragem e entrar de vez em um seminário. Conversando com vários padres muitos me disseram que eu deveria entrar para um seminário. Mas quando penso em entrar em um eu sempre me imagino que tenha que virar um santo. A verdade é que eu estou perdido.

            Decidir a própria vida não é mesmo tarefa fácil e demanda boa dose de pensamento para fazer uma boa escolha. Boa escolha, nesse caso, implica aquela que faz você se sentir bem e realizado. Para isso o autoconhecimento é de grande ajuda. A gente só pode fazer uma boa escolha quando a gente sabe sobre nós mesmos. Parece que você sabe muito pouco de si.
            Se seu interesse por ser padre é se tornar santo não é um bom motivo para seguir em frente. Como você mesmo percebeu isso tem mais relação com sua vaidade do que com a verdade do sacerdócio. E ademais, o que é ser santo? A mãe que se esfalfa o dia inteiro para poder pôr comida na mesa da família é uma santa. O pai que faz das tripas o coração para dar uma vida decente à sua família é outro santo. O profissional que se dedica religiosamente e com grande reverência à sua profissão também pode ser considerado um santo. Santo não é só aquele que figura numa lista do Vaticano, mas todos aqueles que batalham por suas vidas e a dos seus amados. O conceito de santidade é muito mais amplo do que você imagina.
            Você aspirar à santidade tem a ver com sua imaginação infantil.  A criança deseja ser um herói, uma figura de destaque. A vida real é mais simples, porém muito mais verdadeira. Você pode ser alguém e não precisa de ilusões para isso. Esse alguém é ser você mesmo e não um personagem. Hoje você parece muito mais apegado aos personagens da sua imaginação do que a pessoa que você pode se descobrir na realidade. Com certeza isso não lhe faz andar no bom caminho.
            O bom caminho não é aquele que é ditado por uma pessoa de fora ou por uma instituição, mas aquele que a pessoa descobre por si mesma. Você esperava que Deus viesse falar com você para te mostrar o caminho. Queria que ele indicasse a direção e com isso você se infantiliza. A sua fé e crença é típica da criança que espera que outros pensem e resolvam as coisas por ela. Ninguém poderá pensar por você porque ninguém pagará o preço da sua vida e das suas escolhas. É hora de crescer e assumir as responsabilidades que até agora você vem evitando. Para saber o caminho é preciso andar e viver a experiência. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário