Tenho 28 anos e por
muito tempo na minha vida eu quis ser padre. O que sempre me motivou a ser
padre foi virar santo. Sei que isso soa vaidade, mas foi assim. No entanto,
hoje eu não sou padre, mas ainda fico em dúvida de que caminho seguir e o tempo
está passando. Esperei sempre que Deus viesse falar comigo, que me desse um
sinal do que era para eu fazer. Nunca recebi sinal nenhum. Acredito firmemente
em Deus, mas me sinto perdido. Não sei o que ele quer para mim. Não sei o que
ele quer que eu faça. Não sei se devo me apaixonar por uma garota e levar uma
vida leiga ou criar coragem e entrar de vez em um seminário. Conversando com
vários padres muitos me disseram que eu deveria entrar para um seminário. Mas
quando penso em entrar em um eu sempre me imagino que tenha que virar um santo.
A verdade é que eu estou perdido.
Decidir a própria vida não é mesmo
tarefa fácil e demanda boa dose de pensamento para fazer uma boa escolha. Boa
escolha, nesse caso, implica aquela que faz você se sentir bem e realizado.
Para isso o autoconhecimento é de grande ajuda. A gente só pode fazer uma boa
escolha quando a gente sabe sobre nós mesmos. Parece que você sabe muito pouco
de si.
Se seu interesse por ser padre é se
tornar santo não é um bom motivo para seguir em frente. Como você mesmo
percebeu isso tem mais relação com sua vaidade do que com a verdade do
sacerdócio. E ademais, o que é ser santo? A mãe que se esfalfa o dia inteiro
para poder pôr comida na mesa da família é uma santa. O pai que faz das tripas
o coração para dar uma vida decente à sua família é outro santo. O profissional
que se dedica religiosamente e com grande reverência à sua profissão também
pode ser considerado um santo. Santo não é só aquele que figura numa lista do
Vaticano, mas todos aqueles que batalham por suas vidas e a dos seus amados. O
conceito de santidade é muito mais amplo do que você imagina.
Você aspirar à santidade tem a ver
com sua imaginação infantil. A criança
deseja ser um herói, uma figura de destaque. A vida real é mais simples, porém
muito mais verdadeira. Você pode ser alguém e não precisa de ilusões para isso.
Esse alguém é ser você mesmo e não um personagem. Hoje você parece muito mais
apegado aos personagens da sua imaginação do que a pessoa que você pode se
descobrir na realidade. Com certeza isso não lhe faz andar no bom caminho.
O bom caminho não é aquele que é ditado
por uma pessoa de fora ou por uma instituição, mas aquele que a pessoa descobre
por si mesma. Você esperava que Deus viesse falar com você para te mostrar o
caminho. Queria que ele indicasse a direção e com isso você se infantiliza. A
sua fé e crença é típica da criança que espera que outros pensem e resolvam as
coisas por ela. Ninguém poderá pensar por você porque ninguém pagará o preço da
sua vida e das suas escolhas. É hora de crescer e assumir as responsabilidades
que até agora você vem evitando. Para saber o caminho é preciso andar
e viver a experiência.
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