segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Entender a Ansiedade




            Não há ninguém que esteja livre da ansiedade ou que não a sinta vez ou outra. O que podemos ver, entretanto, é que em algumas pessoas ela é bem frequente enquanto em outras nem tanto e só surge em determinados momentos. A pergunta é, por que será que para alguns ela é tão presente, uma companheira diária e destrutiva, e para outros é algo que não tem tanto peso?
            Ansiedade é algo que muitas vezes não se reconhece de onde vem, apenas se sabe que desponta trazendo um grande mal estar que pode ser reconhecido através de palpitações, apertos na garganta, embrulhos de estômago, inquietação, irritabilidade, medos e muitos outros exemplos. Geralmente é acompanhada de ideias de que alguma coisa vai dar muito errado, apesar de nem se saber o que. Quem fica com essa angústia sofre e fica preso ao mal estar e aos sintomas, sem saber o que fazer com isso.
            Para entender melhor vamos pensar num modelo que traga uma imagem que nos ajude a pensar sobre nós mesmos. Imagine um céu azul em um lindo dia. Ficamos todos felizes e podemos fazer inúmeros planos de como aproveitar esse dia cheio de calor e luz. Às vezes aparece uma nuvem aqui e lá que tapa um pouco o sol, mas nada que nos preocupe ou estrague nossos planos. Todavia, haverá vezes que um vento mais forte traz nuvens mais pesadas e escuras e de repente o sol some, o dia fica “nervoso” e temos que nos preparar para um mau tempo. Raios ao longe começam a pipocar e trovões anunciam que uma tempestade se aproxima. Temos que correr buscar abrigo e proteção contra a fúria do tempo que há minutos atrás estava tão bom. A tempestade chega com violência. Ficamos temorosos que piores coisas possam acontecer. Ficamos “ansiosos”. Nossos planos se foram e muitas vezes temos que lidar com os estragos que a tempestade causou em seu caminho. Esse modelo pode nos ajudar muito ao pensar sobre a ansiedade.
            Assim tal como o clima, não conseguimos controlar o que nos surge e nos pega de supetão. Nem precisamos. O erro de muita gente é acreditar que lidar com a ansiedade é se livrar dela como se isso fosse possível. Jamais nos livramos do que sentimos, assim como não nos livramos das intempéries do tempo. Está além do nosso alcance. Porém, há muitas coisas que podemos fazer para nos preservar.
            Contra a fúria da natureza climática podemos construir abrigos, mas contra a fúria da natureza da mente o que podemos fazer? Também levantar abrigos e esses são nossas mentes. A nossa mente, nossa maior riqueza e recurso, precisa ser construída. Não nascemos com uma mente pronta, mas com um potencial de mente que precisa ser elaborado. Uma mente trabalhada permite aceitar as intempéries e esperar o sol brilhar novamente. Não vai ficar tão fixada nos estragos e saberá que uma hora o tempo volta a ficar favorável.
            Para o ansioso a identificação com as nuvens carregadas é intensa e esse tempo é sem fim e que trará tantos desastres que mesmo que o tempo se abra os danos serão irremediáveis. O ansioso vive uma eterna tempestade interna e esquece que o céu azul e tranquilo continua existindo acima das nuvens escuras. Quem vive constantemente sob a égide da ansiedade transforma-se no mau tempo. Já quem não vive sempre ansioso permite-se ver que as nuvens vêm e vão, e que somos mais que elas e que a vida é maior que as adversidades.
            Isso tudo é teórico, mas é possível aprender a viver de uma maneira tranquila. Em outras palavras, é possível construir uma mente para lidarmos com as dificuldades de uma forma mais eficiente. Há varias maneiras e uma delas é a análise pessoal. Nesse encontro entre analista e analisando a mente pode ser percebida e por isso mesmo, construída. Na análise temos a chance de tomar consciência que não precisamos ficar entregues a tudo o que nos surge, mas que podemos criar mecanismos eficazes para viver melhor. É um processo que demanda tempo e paciência. É artesanal e exige que sejamos artistas de nós mesmos. É uma jornada íntima e pessoal.

Nenhum comentário:

Postar um comentário