Tenho 35 anos e já tive um bom emprego, era independente. Depois que me
casei eu mudei para pior. Por não ter ninguém para cuidar do meu filho eu
acabei abandonando o meu emprego e fiquei em casa. Virei dona de casa. Após um
tempo percebi que desenvolvi síndrome do pânico e passei a ter medo de sair de
casa sozinha. Sempre acho que algo de muito mau vai me acontecer. Só saio com
meu marido e ele vem perdendo a paciência comigo ultimamente. Ele não entende
como uma mulher como eu, que era tão independente, agora tem medo de sair e de
ir a um supermercado. Ele fica bravo mas eu sinto que estou perdida e não
consigo arrumar coragem. Já fui fazer alguns cursos para passar o tempo como
pintura e artesanato, mas depois de um tempo parei porque achava que todo mundo
conseguia fazer as coisas bem, menos eu. Acho todo mundo melhor que eu. Me
sinto criança no meio de adultos. Não sei mais o que fazer.
Você me
fala que sente que está regredindo ao invés de estar progredindo. Seu marido
também parece pensar assim e fica bravo. Quando regredimos emocionalmente
voltamos à infância, porém o problema é nossas emoções ficarem infantis
enquanto na realidade somos adultos. Em outras palavras, ficamos desconexos
conosco mesmo e limitamos nossas potencialidades e capacidades. Hoje você se
tira do tempo presente e se coloca num tempo onde seus recursos internos ainda
não tinham sido desenvolvidos, fica identificada com a criança e desconhece a
adulta.
Quando
temos emoções de criança enquanto crianças é tudo muito natural e maravilhoso,
porém as emoções infantis num adulto é algo limitador e que demonstra que algo
em sua mente está fora de controle, ou seja, algo te direciona, sem nenhum
controle da sua parte, para viver fora do seu tempo e das suas possibilidades e
te impede de retomar as emoções adultas que podem lhe ser favoráveis. Não é à
toa que hoje você se sente mal e com muitos medos, afinal quem está sentindo é
a criança e não a mulher.
Uma
criança não sabe se defender e nem se preservar necessitando da ajuda e
cuidados de um adulto para ampará-la. É um terror para uma criança se ver
sozinha na rua, enfrentando desconhecidos e tendo que dar conta do que pertence
ao mundo adulto. Todas essas tarefas aparentemente simples podem geram um
desprazer imenso em uma criança e enchê-la de terrores. Ora, isso é justamente
o que vem lhe acontecendo. Agora a questão é entender o porquê você está se
direcionando para trás em vez de ir adiante.
Para
descobrir o porquê é necessário uma investigação mais apurada que só um
trabalho analítico poderá lhe proporcionar, já que é só à medida que você falar
sobre o que lhe ocorre que algo poderá surgir significando os seus sintomas. Parece
que quando você desistiu do seu emprego e da sua independência um lado seu te
falou: Para que crescer? Volte a ser
criança e seja cuidada. Fique em casa onde é seguro e não enfrente o mundo lá
fora. E obedecendo a esse mandamento em sua mente você passou a tratar o
seu marido não como marido, mas como pai e você não mais como uma mulher adulta
e mãe, mas como uma pequena menina assustada e indefesa.
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