segunda-feira, 11 de abril de 2016

Estupidez Discursando



            Encontrar alguém com quem dialogar é raro. Sempre foi assim porque são poucos os que são capazes de conversar. Entretanto, muito mais frequente é encontrar pessoas que falam e falam, mas se mostram incapazes de estabelecer uma conversa. Conversar requer mente, um mundo interno mais elaborado e de alguém que seja capaz de ouvir e falar apropriadamente. Já discursar não necessita o ouvir e nem pensar, o que faz com que qualquer um discurse.
            Nos tempos de hoje aqui no Brasil, onde a política tornou-se, negativamente, assunto diário, vemos com bastante clareza como falta interlocutores decentes. Contudo sobram fanáticos dotados de certa intelectualidade e cultura, mas estúpidos quando se refere a conversar e até mesmo a pensar em pontos de vistas diferentes dos seus. Fanatismo é doença que envenena a alma.
            Quando um indivíduo não sabe conversar ele troca o diálogo pelo discurso e acredita que trata-se da mesma coisa. Dialogar e discursar têm éticas diferentes, aliás, dialogar se baseia numa ética enquanto discursar tem base no convencer que sempre é agressivo no fim das contas. O discurso engana com palavras bonitas e aparentemente inteligentes, mas geralmente ocultam a estupidez e a perversão de sentidos.
            Políticos deveriam tomar cuidado com seus discursos, sejam eles de quais partidos forem, porque no discurso revelam sua estupidez e transformam em algo natural aquilo que é crime. É o que acontece hoje no país. Desde a presidência até os vereadores vemos gente discursando estupidez a torto e direito. Carecemos de políticos que consigam conversar, ou seja, ouvir e falar de verdade.
            Pior que os políticos, que comumente se engajam na política para alcançar seus objetivos perversos, são as pessoas consideradas cultas, mas que se perdem na idiotice. Incorrem na estupidez porque são incapazes de falar consigo próprias e se pudessem se ouvir teriam vergonha da cegueira que tanto cultuam e propagam. Não só na política, mas em geral faltam pessoas que consigam abandonar os discursos e aprendam a conversar. 

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