Sou
aluna de psicologia e venho me deparando com coisas que me deixam pensativa.
Tenho um supervisor que é altamente considerado. É pós-doutor, tem várias
publicações até mesmo no estrangeiro e é venerado por muitos outros
profissionais. Eu era uma dessas pessoas que estendia o tapete para ele passar.
No começo ele é sempre um doce e parece que é bastante humilde, mas conforme o
tempo foi passando fui percebendo que não era bem assim. Ele passa por cima de
muita gente e julga todo mundo. Se acha bem mais inteligente que qualquer outra
pessoa e faz escarnio de qualquer um que escreva ou diga algo diferente dele.
Só ele tem razão. Me assusta ver que ele pisa nos outros e usa de sua posição
de poder para se sobressair. Como pode alguém dedicado ao saber fazer tais
coisas? Será que não se enxerga?
Exatamente, ele não se enxerga e dificilmente se
enxergará, pois para isso ele precisaria se desfazer da vaidade o que é muito
difícil e para alguns, impossível. O que você não entende é que o ser humano
pode ser contraditório. Uma pessoa inteligente pode ser completamente cega e
surda e com isso se tornar estúpida. Inteligência e estupidez podem conviver
juntas.
Uma
das coisas mais danosas que pode haver é a vaidade e esta se manifesta de
variadas formas. Tem aqueles que se devotam inteiramente ao sucesso
profissional, não porque se realizam de fato, mas porque o sucesso que atingem
alimenta a ideia de que são melhores do que os outros. Há pessoas que se
dedicam exclusivamente aos seus corpos e belezas como forma de se destacarem. Há
também os que assumem uma vida falsamente espiritual como forma de se sentirem
melhor que o resto. Outros desenvolvem um discurso politizado cheios de
aparente razões, mas que se trata apenas de fanatismo. No mundo acadêmico a
vaidade também ocorre.
A
vaidade intelectual faz com que o indivíduo se sinta superior aos outros como
se fosse detentor de um saber que lhe confere grandiosidade e valor. Sobe num
pedestal e dele vê e julga os demais. Sente-se acima de qualquer suspeita e de
qualquer crítica. Para sustentar um modo de vida assim, tão onipotente e
arrogante, necessita se cegar e ensurdecer para a realidade. O que conta para
essas pessoas é apenas elas mesmas.
Muitos
procuram os títulos acadêmicos não devido a um sentimento de realização e
sentido verdadeiro, porém porque isso lhes confere uma posição de destaque que
é o que importa para eles. Eles usam de seus títulos como se empunhassem armas
e não construção de saber. Infelizmente, pessoas assim são muito difíceis de mudar
e enxergar outras perspectivas. Elas sentem que já sabem tudo, por que mudariam então? O que podemos fazer é observar essas pessoas e aprender como é
vital colocar a nossa vaidade sob controle senão corremos o risco de ser assim
e nos tornar ridículos.
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