segunda-feira, 21 de março de 2016

Terapia ou Tortura?



            No dia 20 de fevereiro foi lançado no YouTube um documentário chamado Bichas que mostra seis jovens homossexuais contando como foi assumir a homossexualidade, dos seus medos e dificuldades, bem como dos preconceitos sofridos. Há algumas histórias mais tranquilas e outras nem tanto em que os jovens tiveram que sofrer muito quando poderia ser diferente se existisse aceitação e mais entendimento. Um desses jovens diz que foi levado a fazer psicoterapia por seus pais e a psicóloga, se é que se pode chamar assim alguém desse quilate, o torturou mais do que o ajudou e fez do espaço psicoterapêutico uma câmara de horrores.
            O jovem em questão foi forçado na psicoterapia a se comportar como homem, coisa que aliás ele era, mas não era o que pais e profissional tinham em mente quando pensavam num modelo masculino. Ser homem não implica em caber em determinados padrões. Um homossexual do sexo masculino é um homem como qualquer outro. Homem e orientação heterossexual não é uma coisa só.
            Um dos objetivos de uma psicoterapia é a pessoa se autoconhecer e com isso fazer um melhor uso de si mesmo e de suas potencialidades. Não é objetivo da psicoterapia obrigar alguém a ser de um jeito ou outro. Isso é violência. Nas sessões desse jovem ele era desvalorizado quando comparado desfavoravelmente com o comportamento de seu irmão que ao que tudo indica é heterossexual e que se encaixava nos padrões do que acredita-se ser a normalidade. Era tratado indignamente ganhando pontos quando fazia o que desejavam dele e repreensões quando não atingia o padrão pretendido.
            Quando profissionais da psicologia e psiquiatria não entendem melhor a natureza humana ficam apegados à paixão pela ignorância. Esta paixão é danosa e destrutiva, pois a ignorância leva à arrogância onde quem a sente crê que tem razão e justifica suas atitudes com moralismos e preconceitos. A psicoterapia está a serviço da vida seja ela como for e não de uma perigosa normatização. Deve ser, acima de tudo, um espaço de descobertas e não uma tortura ocultada por um falso profissionalismo.

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