O ser humano pode ser capaz de atos grandiosos e
fabulosamente amorosos, mas pode também ser capaz de atos de mesquinharia
inimaginável. Com os ataques que aconteceram em Paris vemos variadas formas de
reações entre as pessoas nas redes sociais ao redor do mundo. Uma reação tem a
ver com o assombro e tristeza por causa dos atos e a solidariedade para com
todos os envolvidos. Outra reação foi de um prazer que isso tenha acontecido.
Houve várias manifestações que indicaram um prazer pela destruição.
Circularam comentários como: “Explode mesmo, eles têm mais é que sofrer”, “ Está na hora da Europa
sofrer um pouco”, “Não tô nem aí, não tô lá em Paris mesmo”, “Eles mesmo são
culpados do que está acontecendo” e muitos outros do tipo .Esse prazer pelo sofrimento do outro e
pela destruição tem raízes na inveja. Considerada como um dos sete pecados
capitais a inveja tem um lado destrutivo muito intenso.
Deixando de lado os aspectos morais da inveja, que em
nada contribui para um melhor entendimento, podemos compreendê-la,
psicanaliticamente, como uma forma de ataque para nos sentirmos bem conosco
mesmo. A verdade é que existe um lado em todos nós que goza ao perceber o
sofrimento do outro e que não é só nós que sofremos. As pessoas que se deleitam
na barbárie sentem que assim seus próprios sofrimentos e dores são bem menores
em comparação. Por isso que a inveja é tão danosa, ela impede um olhar humano.
Sem um olhar humano nossas relações ficam empobrecidas e
embrutecidas, ficamos num nível de existência muito baixo. Nos tornamos sádicos
e masoquistas, ou seja, perversos. A perversão é a negação do humano. Quem
encontra satisfação e prazer na desgraça alheia vive modelos perversos e não
são humanos, mas são o que há de pior e mais doentio na humanidade. Saber se
compadecer da dor e da violência nos machuca e nos assusta, mas é melhor isso,
um sinal de desenvolvimento mais humano, do que o vazio prazer da destruição.
Para gente assim a destruição é a única coisa que são capazes de reconhecer.
Nenhum comentário:
Postar um comentário