sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Pergunta de Leitora - Como nos amaram e como nos amamos


Fico confusa quanto a estória de que procuramos nos nossos cônjuges pessoas iguais nossos pais. É verdade mesmo que se alguém teve pais indiferentes e ruins vão procurar parceiros com essas mesmas características? Se for assim mesmo como podemos mudar essa estória para não ficarmos presos à repetição? Meus pais foram ausentes na minha criação e tenho medo de só achar parceiros que sejam também ausentes.

            A sua questão tem a ver se você vai se repetir ou se vai criar para si uma história diferente. Seus pais foram ausentes, você diz, e teme escolher parceiros que venham a se tornar, eventualmente, ausentes. Saber da sua história é a melhor e única maneira de fazer com que ela não se repita. Ao sabermos de algo podemos ter a escolha de pegar esse caminho ou outro.
            Há sim uma tendência das pessoas procurarem em seus parceiros características similar a de seus pais. Isso ocorre porque queremos ser amados como fomos amados na infância, quando ocorreu nossa primeira experiência de amor, mesmo que esse amor não tenha sido bom ou satisfatório. Por isso a tendência à repetição.
            Se tivemos pais afetuosos procuramos por parceiros afetuosos, para que essa experiência se repita e se perpetue. Caso alguém tenha tido pais bruscos e indiferentes pode sim buscar alguém com essas mesmas características para fazer durar essa experiência já conhecida. Repetimos até mesmo aquilo que nos faz mal porque tendemos a nos apegar ao que é conhecido e a temer o que é desconhecido. Nesse caso o desconhecido é procurar outra maneira de ser.
            Porém tendências não são destino. O que foi vivido pode ser transformado e até mesmo abandonado quando não se mostra bom. A vida, por pior que tenham sido as experiências anteriores, pode ser sempre reinventada. Mesmo que você não tenha sido amada o quanto gostaria de ter sido pode aprender a se amar agora e com isso procurar parceiros que venham a lhe amar de fato. Mudar a própria história é uma verdadeira conquista e que demanda trabalho sério. Você já está nesse caminho, que tal seguir em frente e aprender mais sobre si?

Um comentário:

  1. Muito esclarecedor, realmente tendência não é destino. Para os curiosos existe um livro que é acessível e traz muitas informações: Os Fundamentos da Relação Afetiva, Raphaele Miljkovitch

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