Histórias e filmes de assombrações, com espíritos
perturbados vagando por aí, fazem enorme sucesso. No enredo do filme de Anabelle, por exemplo, uma boneca tem
ligação com o espírito de uma jovem insana e todos que possuem a boneca são
mortos de maneiras misteriosas e violentas. Hoje a boneca (a história é alegada
verdadeira) está num museu de horrores e gera lucro com direitos autorais para
serem produzidos produtos sobre os acontecimentos que a envolvem. Enfim, por
que será que temas assim são tão fascinantes para muita gente?
As assombrações têm sucesso porque contam uma trama de
perseguição e é justamente com essa trama que muitas pessoas se identificam.
Intimamente, em nossas mentes, nos sentimos perseguidos por conteúdos que nos
angustiam e nos assustam e que transformamos em fantasmas. Os conteúdos mentais
que portamos e que nos trazem ansiedades são sempre nossos fantasmas pessoais.
Em outras palavras, os fantasmas e espíritos atormentados são construções
humanas.
Agora, ocorre que é difícil aceitar que essas coisas que
sentimos como horrendas são nossas, então usamos um mecanismo de defesa para
projetar fora de nós o que nos perturba. O perigo, assim, fica fora e nos
eximimos de qualquer responsabilidade. Viramos vítimas do perigo:
dos fantasmas, dos monstros, dos demônios e outras criaturas de outro mundo.
Preferimos acreditar que o que tememos está externo e não dentro de nós mesmos.
Esses enredos de terror que tanto fascinam nos dão imensa satisfação aos transformarmos nossos medos e angústias em algo que sentimos estar alheio de nós. Momentaneamente vivemos uma psicose onde
confundimos o alucinado com o real. Quem nunca se sentiu perseguido alguma vez
na vida? Quem nunca achou que havia um monstro atrás de nós querendo nos
devorar? Internamente há todo um mundo assim quando não trabalhamos com nossas
mentes. Trabalhar a própria mente é tal qual exorcizar os próprios fantasmas. Podemos até nos divertir com essas histórias, mas o principal é saber que nossas vidas não precisam ser um filme
de terror.
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