segunda-feira, 27 de julho de 2015

Assombrações


            Histórias e filmes de assombrações, com espíritos perturbados vagando por aí, fazem enorme sucesso. No enredo do filme de Anabelle, por exemplo, uma boneca tem ligação com o espírito de uma jovem insana e todos que possuem a boneca são mortos de maneiras misteriosas e violentas. Hoje a boneca (a história é alegada verdadeira) está num museu de horrores e gera lucro com direitos autorais para serem produzidos produtos sobre os acontecimentos que a envolvem. Enfim, por que será que temas assim são tão fascinantes para muita gente?
            As assombrações têm sucesso porque contam uma trama de perseguição e é justamente com essa trama que muitas pessoas se identificam. Intimamente, em nossas mentes, nos sentimos perseguidos por conteúdos que nos angustiam e nos assustam e que transformamos em fantasmas. Os conteúdos mentais que portamos e que nos trazem ansiedades são sempre nossos fantasmas pessoais. Em outras palavras, os fantasmas e espíritos atormentados são construções humanas.
            Agora, ocorre que é difícil aceitar que essas coisas que sentimos como horrendas são nossas, então usamos um mecanismo de defesa para projetar fora de nós o que nos perturba. O perigo, assim, fica fora e nos eximimos de qualquer responsabilidade. Viramos vítimas do perigo: dos fantasmas, dos monstros, dos demônios e outras criaturas de outro mundo. Preferimos acreditar que o que tememos está externo e não dentro de nós mesmos.
            Esses enredos de terror que tanto fascinam nos dão imensa satisfação aos transformarmos nossos medos e angústias em algo que sentimos estar alheio de nós. Momentaneamente vivemos uma psicose onde confundimos o alucinado com o real. Quem nunca se sentiu perseguido alguma vez na vida? Quem nunca achou que havia um monstro atrás de nós querendo nos devorar? Internamente há todo um mundo assim quando não trabalhamos com nossas mentes. Trabalhar a própria mente é tal qual exorcizar os próprios fantasmas. Podemos até nos divertir com essas histórias, mas o principal é saber que nossas vidas não precisam ser um filme de terror. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário