Há no tarô de Marselha uma carta
chamada a Roda da Fortuna onde aparece figuras presas a uma grande roda que
gira fazendo com que ora uma figura esteja no topo da roda e outra embaixo, ora
as posições sejam invertidas. Essa carta do tarô não precisa ser entendida como
algo místico e trazendo significados esotéricos e ocultos, mas pode
muito bem ser compreendida com base em algo muito mais realista e próximo de
nós. De forma geral somos como essas figuras presas à roda e entender isso pode
nos fornecer uma perspectiva mais acurada da vida.
Se estamos presos a uma roda que
gira isso implica em que haverá momentos em que estaremos por cima, ou seja,
bem e confortáveis, mas também haverá momentos em que estaremos por baixo e com
sentimentos desagradáveis. A verdade é que estamos sempre girando. Nunca
ficamos parados numa única posição e saber tolerar “esses giros” e ter
paciência são fundamentais para poder se viver bem. A nossa mente precisa
desenvolver tolerância para todas as posições em que nos encontramos.
O maior problema de quando estamos
em um mau momento em nossas vidas é que tendemos a nos identificar tanto com o
que nos causa desprazer que ficamos desesperados e deixamos de enxergar a
realidade. Acreditamos, nesse desespero, que tudo que é ruim é algo que será
para sempre e que jamais passará. Isso é verdadeiramente enlouquecedor e nos
faz crer que estaremos para sempre presos à uma eterna noite escura e
assustadora. Nossos temores, nesses momentos, tomam uma proporção irreal em
termos lógicos e racionais, mas sentimos que nossos terrores nos dominam e destroem
tudo que há de bom. Só que nem sempre o que sentimos é necessariamente
verdadeiro e saber diferenciar é vital.
Quem não aprendeu a se distanciar do
que sente fica sempre preso às piores fantasias que podem existir. Agora, dar
um passo para longe dessa roda para melhor avaliar o que realmente acontece,
para poder adquirir uma visão panorâmica da nossa vida, é o melhor recurso que
podemos dispor porque nos mostra que nunca ficamos apenas numa única posição,
mas que esta pode mudar para outra mais favorável. Quando a gente consegue
enxergar que a roda gira e que teremos muitos momentos tanto bons quanto ruins,
ficamos mais tranquilos quando algo mau nos ocorre já que saberemos que
momentos passam e não são sentenças definitivas. Isso é ser realista e também
mais humano. Ao entendermos a roda da vida passaremos a aproveitar tudo que
existe de bom e também a tolerar o que há de mau. Saberemos que não somos donos
de nada e que nada controlamos. Somos apenas humanos e precisamos aprender a
viver todos os altos e baixos que a vida nos dá.
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