Percebo que o centro da cidade de
Londrina que sempre me chamou atenção pela beleza, já vem há algum tempo se
deteriorando. Há bem mais prédios abandonados, sem nenhum cuidado e as
pichações estão cada vez mais presentes e se alastrando pela cidade. A feiura
está se espalhando e o que assusta é que muitas pessoas não estão nem se dando
conta do que vem acontecendo.
Quando as ruas de uma cidade ficam
feias por falta de investimentos, por descaso e falta de segurança isso abre
espaço para o vandalismo. Pichações são demonstrações de vandalismo e estas
atitudes têm ligação com nossos impulsos agressivos. Todos carregam
agressividade, é parte de nossa natureza, mas nem por isso significa que a
agressividade precisa ser atuada sem nenhum filtro. Um indivíduo que não pôde
ao longo de sua história construir uma mente para pensar sobre os próprios
impulsos fica vulnerável aos impulsos agressivos, não tem uma barreira que os
impeça de serem destrutivos.
Uma cidade que vai se tornando feia,
em última instância, mostra que não há mais barreiras, filtros, opções para os
seus cidadãos viverem seus impulsos agressivos e os tornam na mais pura
expressão do ódio. Atos de vandalismo são expressões de ódio e a cidade
destruída e feia é apenas a imagem de toda essa agressividade que existe em
seus moradores. As mentes desses vândalos estão no mesmo estado do que fazem
nas ruas: estão destruídas e enfeiadas.
A gente projeta, ou seja, pões para
fora o que existe dentro. Cidades sujas, destruídas, pichadas, são mostras do
que há na mente de seus cidadãos. O humano é um animal, mas muitas vezes pode
ser mais animal do que humano. Com animal podemos entender o lado mais
primitivo, que é incapaz de pensar e de conter os próprios impulsos
destrutivos. Todos: moradores, políticos, polícia, professores, universitários,
devemos pensar bem que tipo de mente queremos construir para que possamos
deixar o lugar onde moramos bonito e cuidado. Se não cuidamos de nosso próprio
mundo interno não temos como cuidar de nosso mundo externo.
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