Que a tecnologia veio para ficar e facilitar
nossa vida é algo bastante favorável. Muitas coisas boas a tecnologia trouxe
deixando-nos mais confortáveis e nos poupando tempo para que melhor
aproveitássemos nosso dia. É impensável um mundo sem tecnologia e sem todo o
progresso na melhora da qualidade de vida que temos hoje comparada com o
passado. O desenvolvimento da tecnologia demonstra um lado humano construtivo e
promissor. Entretanto, evidencia também o quanto nos falta uma maior capacidade
de interiorização e nos percebermos.
Essa falta de contato conosco mesmo
e com nossas reais necessidades pode ser vista no alto número de aplicativos para
baixarmos que nos ensinam, ou ao menos tem a pretensão de nos ensinar, como
devemos viver. Há aplicativos que nos lembram de beber água, como se não
tivéssemos um controle orgânico interno para isso. Outros nos mostram o que
devemos e quando devemos comer, como se dentro de nós não pudéssemos mais
confiar na fome que sentimos. Há aplicativos que dizem quando devemos dormir e
acordar para se ter um bom sono e há até aplicativos que nos lembram quando
devemos namorar com nossos pares e quanto tempo devemos gastar nisso!
Fica bastante evidente que não temos
muito contato conosco. Não confiamos em nós para saber do que realmente
precisamos e quando precisamos. Isso nos mostra que há que se desenvolver uma
relação mais produtiva com nossas mentes e corpos. Em outras palavras,
necessitamos conhecer melhor a nós mesmos. Para o ser humano sempre faltou
progredir nessa “tecnologia interna” de auto percepção.
Temos enormes dificuldades em
estabelecer um processo de interiorização já que este implica num trabalho que
é pensar sobre si mesmo. Os aplicativos mencionados acima fazem sucesso
justamente porque nos evitam o trabalho de ter que pensar e desenvolver
recursos internos que nos possibilitem como aproveitar a vida de maneira
eficiente. Apesar disso continuamos insatisfeitos porque não são aplicativos
externos que realmente nos faltam, mas recursos internos frutos de um
crescimento. E ninguém, nem mesmo a tecnologia, pode substituir esse trabalho
individual que é criar a si próprio.
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