Muito
se fala na tal da crise da meia-idade que acomete tanto os homens quanto as
mulheres, os deixando meio atordoados e que traz muita desesperança com a vida
como se ela tivesse chegado a um ponto final e mais nada interessante pudesse
ocorrer. Afinal, essa crise existe? E o que ela é e como se dá?
Quando
uma pessoa atinge a década dos quarenta começa a perceber variadas mudanças em
sua vida. A juventude, que propicia um maravilhoso vigor físico e muita ousadia,
vai se acabando e nos tornando mais realistas e menos ingênuos. O corpo já não
é mais o mesmo e dores e males antes inexistentes aparecem nos avisando que o
tempo passa. Essas mudanças, que nos trazem limitações físicas, nos assustam
porque jogam em nossas caras que temos prazo de validade e que ao contrário do
que acreditávamos quando jovens não temos todo o tempo do mundo e nem tudo
podemos.
Tornar-se
consciente dessas mudanças e limitações causa algo em nós. Mexe com o que conhecíamos
e impõe que mudemos internamente, ou seja, nos demanda um trabalho interno para
construirmos novos valores e formas de vir a ser. Muitas pessoas, tão apegadas
ao que foram e com medo do que podem ser, negam as mudanças que se apresentam e
tentam viver como antes, como se o tempo não passasse e pudesse ser controlado
com atitudes que os levariam à vida anterior. Tentam, forçosamente, parecerem
adolescentes através da fala, das atitudes, das vestimentas e da visão de
mundo.
Contudo,
ao mesmo tempo que a passagem do tempo nos tira a força física e impõe limites,
temos a maravilhosa oportunidade de criarmos uma nova mente, que permita
enxergar a vida com novos olhos. Com as experiências de vida podemos perceber
que não há só perdas em ganhar idade, mas ganhos que se encontram na dimensão
subjetiva. Sair, então, da crise da meia-idade é poder fazer uso dos ganhos
internos que a vida nos proporciona e criar uma vida nova, mas agora não mais
baseada nos arroubos e ilusões juvenis, mas na sabedoria que o tempo nos presenteia.
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