Tenho
49 e estou separado há dois anos. Conheci uma mulher de 33 anos e nos
apaixonamos. Tenho medo de parecer ridículo ao amar uma mulher tão mais jovem.
Alguns dizem que isso é crise da meia idade. Não quero que me confundam como
pai dela ou que pensem que ela está comigo apenas por interesse. Nos amamos
mesmo, pelo menos é assim que sinto. Fico com medo de viver esse amor
publicamente. Meu primeiro casamento foi um terror, só brigávamos e não existia
nenhuma concordância entre nós. Eu sonhava uma coisa e ela outra ou nem sonhava
para dizer a verdade. Agora tenho uma chance de ser feliz no amor, mas por
quanto tempo? Nossa diferença de idade é de 16 anos, logo fico velho e se ela
não quiser mais nada comigo? Não sei também se não a estou condenando a viver
com um velho e que ela ainda não percebeu a gravidade disso tudo. O que fazer?
Você sabe o que fazer, mas o que te impede é o medo. O
medo pode ser algo bom quando nos protege e quando nos preserva, porém quando
ele nos imobiliza não serve para nada. Quem tem medo e se entrega a ele sem
nenhuma reflexão se impede de viver experiências importantes. Há momentos em que o
medo deve ser superado.
Hoje você encontrou alguém para sonhar com você, mas tem
medo de viver essa experiência porque isso pode parecer ridículo. Ora, ridículo
é nunca viver o amor quando ele se apresenta. O bonde do amor está passando na
sua frente e cabe a você tomar uma decisão se o pega ou não. Não são todos que
tem a sorte desse bonde passar. Tem certeza de que pode deixá-lo partir sem
embarcar?
No seu relacionamento anterior você viveu um experiência
que te mostrou a importância de se estar em concordância com a parceira, de se
sonhar junto e de se deixar tocar por um sentimento verdadeiro. Você não viveu
isso no relacionamento de antes, mas sente que pode viver agora. Se vocês dois
concordam com o que vivem quem é que pode contrariar o desejo de vocês? É
exatamente esse o ponto. Você vai se contrariar como viveu com a primeira
mulher ou vai se dar uma nova chance? Quem vive contrariado vive adoecido. Está
na hora de buscar a cura.
Quanto a você achar que sua amada não sabe no que está se
metendo, bem, não cabe a você decidir por ela, afinal ela já tem 33 anos, ou
seja, não é mais uma menina boba, mas uma mulher que pode tomar suas próprias
decisões. Não confunda amá-la com cuidar dos interesses dela. Deixe que ela
tome o caminho que quiser. Já a duração desse amor não há como prever e nem
precisa dessa previsão. O amor não é contado em tempo, até porque ele
desconhece o tempo, pois quem ama acredita na eternidade. Vinicius de Moraes
entendia isso muito bem já que no seu Soneto de Fidelidade escreveu: Eu posso me dizer do amor: que não seja
imortal, posto é chama, mas que seja infinito enquanto dure.
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