Todo mundo reconhece que o mundo está repleto de egoísmo
e que este pode ser bastante prejudicial aos relacionamentos sadios.
Acredita-se que para trazer uma melhora nessa condição se faz necessário mais
generosidade e que só esta pode combater com eficácia os danos causados pelo
egoísmo. Não é bem por aí, porque muitas vezes a generosidade desmedida pode
ser justamente aquilo que mais reforça o egoísmo. A única coisa que pode
combater o egoísmo é o amor, que certamente contém generosidade, mas que é
acima de tudo muito mais do que generosidade, é justiça.
Generosidade e egoísmo são dois extremos e tudo que se
encontra em lados opostos nunca funciona com equilíbrio, mas contribui para o
desequilíbrio. Aqui se fala da generosidade exacerbada que é quando há uma
entrega total, sem contexto e sem medida. O indivíduo generoso ao extremo
abdica até mesmo dos seus direitos pelo outro, para não decepcioná-lo e isso
nunca é um bom negócio, pois intensifica as atitudes egoístas de determinadas
pessoas que terminam por exigir mais do que precisam. A verdade é que quando há
generosidade demais em algumas pessoas, cria-se egoísmo em outras e vice-versa.
Só quando há equilíbrio na balança dos sentimentos é que
as coisas funcionam bem e de forma eficaz. O amor é um dos sentimentos mais
equilibrados que existem, pois ele torna quem o sente inteligente e justo. O
amor acredita e valoriza o direito de todos, de forma igualitária e não abre
espaço para que alguns tenham mais direitos que outros. A verdadeira justiça só
pode ser feita com amor e à medida que ocupa uma posição intermediária entre a
generosidade extrema e o egoísmo prejudicial. Sem um ponto intermediário de
equilíbrio não há justiça.
Quando pessoas abrem mão de seus direitos e passam a
adotar comportamentos de total compreensão em relação aos outros reforçam
atitudes egoístas e de total falta de responsabilidade. Ser verdadeiramente
generoso não significa compreender e aceitar tudo do outro, principalmente
quando o outro possui atitudes que só visam ao interesse próprio, sem nenhum
respeito e empatia para com as condições alheias. Como diz um ditado popular “Quando se dá a mão já quer o braço” são
atitudes sustentadas pelos extremos da generosidade e do egoísmo. O amor não é
só uma questão de generosidade, mas de justiça e de se entender que nem tudo se
pode e de que não há apenas o meu desejo no mundo.
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