segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Destruição e Reconstrução


            Todas as pessoas carregam dentro de si um lado destrutivo. Esse lado pode ser visto através dos auto-ataques, do uso abusivo de drogas, de se ligar a relacionamentos doentios que trazem muito prejuízo e através de muitas outras manifestações chamadas na linguagem técnica psicológica de sintomas. Geralmente, esse lado nunca é reconhecido e é constantemente negado. Isso se dá porque é estranho percebermos que carregamos junto conosco algo que pode estar a serviço de um empobrecimento e que se esse lado não for cuidado pode facilmente nos levar a uma vida bem precária.
            Esse lado destrutivo, na maior parte das vezes, está no nosso inconsciente, ou seja, nós nem notamos que ele existe no dia a dia e quando esse lado nos prejudica tendemos a culpar qualquer outra coisa externa a nós. Projetamos nosso lado destrutivo nos outros, nas condições de vida ou num inimigo eleito para receber o lado destrutivo e assim nos eximir da responsabilidade que temos conosco. Até nos sentimos mais seguros quando acreditamos que o que é destrutivo está fora de nós e jamais dentro. A destruição que carregamos é fruto do sentimento do ódio. O ódio vem fácil e sempre se manifesta quando nos frustramos.
            Entretanto, nem tudo é ódio e destruição dentro de nós. Assim como possuímos esse lado destrutivo também contamos com um lado construtivo, capaz de grandes amores e vínculos. Esse lado nos permite aprender com as experiências de vida, a não nos deixarmos abater facilmente e sempre está ligado com o que há de mais saudável em nós. Infelizmente, esse lado vem num estado latente, mas não pronto. O lado construtivo precisa ser trabalhado, conquistado, enquanto o lado destrutivo está sempre pronto para ser usado. É fácil entender isso quando você se pergunta o que é mais fácil: construir algo ou destruir algo? O ódio é de fácil e rápido acesso, porém o amor precisa ser construído.
O amor necessita de todo um trabalho mental. Não há amor pronto, só construído com dedicação, tempo e paciência. Apesar do ódio que cada um carrega trazer boas doses de prejuízos à vida, se trabalharmos com o lado construtivo esse prejuízo pode ser compensado. A grandeza do ser humano é poder transformar o que se encontra destruído em algo renovado e mais fortalecido. Penso aqui nas cidades japonesas que na Segunda Guerra foram violentamente bombardeadas, Nagasaki e Hiroshima. Elas, após os bombardeios, estavam completamente em ruínas e era impensável encontrar nelas algo bom e preservado. Contudo, hoje em dia, a história é outra, e qualquer um que as visite vai se surpreender que essas cidades foram as mesmas de algumas décadas atrás. Hoje são cidades cheias de vida e recursos. Mas só foi possível reconstruí-las quando a força do ódio foi transformada em força do amor. Em vez de cidades podemos pensar nas nossas vidas. As vezes destruímos muitas coisas em nós mesmos, mas se nos propusermos, com sinceridade, a reconstruir nossas vidas, então elas poderão ser cheias de alegrias.

2 comentários:

  1. Bela comparação, de ódio e amor....nas cidades do Japão que sofreram na 2ª Guerra; os japoneses transformaram o ódio em amor, com muita paciência e persistência!

    ResponderExcluir
  2. Bela comparação, de ódio e amor....nas cidades do Japão que sofreram na 2ª Guerra; os japoneses transformaram o ódio em amor, com muita paciência e persistência!

    ResponderExcluir