Desde
quando eu era menina sempre me senti mais ligada aos meninos do que às meninas.
Preferia as brincadeiras dos meninos, que eram mais ousadas e me entediavam as
brincadeiras com bonecas e casinhas. Gostava de subir em árvores, me lançar em
aventuras e fazer tiro ao alvo. Hoje tenho 25 anos e sou uma mulher bonita e
que os homens desejam. Consigo arrumar qualquer parceiro e me satisfaço
sexualmente. Só que até agora eu nunca consegui entregar meu coração a ninguém.
Eu fico com os homens, mas nunca os namoro. Quando percebo que algum homem está
interessado em me namorar eu pulo fora, pois acho que eles ficam sem graça e sem
atrativo nenhum, que se tornaram mansinhos demais. O que será que me acontece?
É bom ser amada, mas imagino que amar também seja importante e eu não consigo
amar.
Desde
pequena você se identifica mais com a posição masculina. Tal como a deusa grega
Artemis, a donzela caçadora, você vai à caça, vive aventuras, mas não se
entrega a nenhum homem de fato. A situação feminina lhe parece sem graça e não
lhe agrada a entrega, que lhe soa mais como uma fraqueza. A cultura induz
homens e mulheres a serem divididos. Enquanto uns são os caçadores heróis, as
mulheres só querem saber das coisas do coração. A verdade é que tanto homens
quanto mulheres precisam saber equilibrar esses dois lados dentro de si.
Os
homens são educados para devotarem o amor a si mesmo, às suas conquistas e
feitos, sendo o seu grande prazer a autossuficiência. Já as mulheres foram
educadas para devotarem o amor ao outro, para serem mansas. O problema começa
quando um lado não entende e faz pouco do outro. Assim, os homens subvalorizam
o amor pelos outros enquanto as mulheres consideram o amor a si mesmo como
egoísta e animalesco. Só que temos essas duas posições dentro de nós e se
esnobamos uma delas é uma parte nossa e importante que estamos esnobando.
Não
é de se surpreender que você tenha vivido tantas aventuras com os homens e
nenhum amor. Afinal, a posição que você mais se identifica é a dos grandes
feitos, da conquista e teme a entrega. Por isso que você esnoba quando algum
homem quer viver algo mais sério com você. Você o sente fraco, desprovido de
qualquer amor próprio. E você, por outro lado, tem muito medo de sentir-se da
mesma maneira e se ver como fraca. No entanto, quando não valorizamos nossos
dois lados não temos condições de criar laços verdadeiros, pois o amor não é só
conquista, mas também entrega. É quando o masculino e feminino dentro de nós
pode estar balanceado.
Hoje
você se interessa pelos homens, mas como troféu. Entrega-lhes o corpo, mas
nunca o coração. Isso demonstra que o amor que você sente por si mesma ainda
não pôde ter chegado a um acordo pacífico com o amor que você pode sentir pelo
outro. Ao conquistar você satisfaz a sua vaidade, mas o seu desejo de amar e se
ligar fica irrealizado. Resultado: você acaba ficando frustrada. Precisa
aprender a equilibrar internamente o prazer da conquista, que você não precisa
renunciar, ao prazer de se entregar ao ato de amar alguém. Para fazer um
relacionamento dar certo é necessário saber conquistar e se entregar na medida
adequada.
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