quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Pergunta de Leitora - Donzela Caçadora


Desde quando eu era menina sempre me senti mais ligada aos meninos do que às meninas. Preferia as brincadeiras dos meninos, que eram mais ousadas e me entediavam as brincadeiras com bonecas e casinhas. Gostava de subir em árvores, me lançar em aventuras e fazer tiro ao alvo. Hoje tenho 25 anos e sou uma mulher bonita e que os homens desejam. Consigo arrumar qualquer parceiro e me satisfaço sexualmente. Só que até agora eu nunca consegui entregar meu coração a ninguém. Eu fico com os homens, mas nunca os namoro. Quando percebo que algum homem está interessado em me namorar eu pulo fora, pois acho que eles ficam sem graça e sem atrativo nenhum, que se tornaram mansinhos demais. O que será que me acontece? É bom ser amada, mas imagino que amar também seja importante e eu não consigo amar.

            Desde pequena você se identifica mais com a posição masculina. Tal como a deusa grega Artemis, a donzela caçadora, você vai à caça, vive aventuras, mas não se entrega a nenhum homem de fato. A situação feminina lhe parece sem graça e não lhe agrada a entrega, que lhe soa mais como uma fraqueza. A cultura induz homens e mulheres a serem divididos. Enquanto uns são os caçadores heróis, as mulheres só querem saber das coisas do coração. A verdade é que tanto homens quanto mulheres precisam saber equilibrar esses dois lados dentro de si.
            Os homens são educados para devotarem o amor a si mesmo, às suas conquistas e feitos, sendo o seu grande prazer a autossuficiência. Já as mulheres foram educadas para devotarem o amor ao outro, para serem mansas. O problema começa quando um lado não entende e faz pouco do outro. Assim, os homens subvalorizam o amor pelos outros enquanto as mulheres consideram o amor a si mesmo como egoísta e animalesco. Só que temos essas duas posições dentro de nós e se esnobamos uma delas é uma parte nossa e importante que estamos esnobando.
            Não é de se surpreender que você tenha vivido tantas aventuras com os homens e nenhum amor. Afinal, a posição que você mais se identifica é a dos grandes feitos, da conquista e teme a entrega. Por isso que você esnoba quando algum homem quer viver algo mais sério com você. Você o sente fraco, desprovido de qualquer amor próprio. E você, por outro lado, tem muito medo de sentir-se da mesma maneira e se ver como fraca. No entanto, quando não valorizamos nossos dois lados não temos condições de criar laços verdadeiros, pois o amor não é só conquista, mas também entrega. É quando o masculino e feminino dentro de nós pode estar balanceado.
            Hoje você se interessa pelos homens, mas como troféu. Entrega-lhes o corpo, mas nunca o coração. Isso demonstra que o amor que você sente por si mesma ainda não pôde ter chegado a um acordo pacífico com o amor que você pode sentir pelo outro. Ao conquistar você satisfaz a sua vaidade, mas o seu desejo de amar e se ligar fica irrealizado. Resultado: você acaba ficando frustrada. Precisa aprender a equilibrar internamente o prazer da conquista, que você não precisa renunciar, ao prazer de se entregar ao ato de amar alguém. Para fazer um relacionamento dar certo é necessário saber conquistar e se entregar na medida adequada. 

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