segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Conflitos


            É triste observar os comentários sobre os conflitos armados que ocorrem em vários pontos do planeta. No conflito Israel-Palestina muitos são os que se colocam a favor da Palestina e demonizam os Israelenses ou vice-versa. Como se fosse possível estabelecer, sem sombra de dúvida, que um estivesse certo e o outro errado. Como se um fosse apenas “vítima” enquanto o outro lado fosse um “vilão” implacável. No conflito entre Ucrânia e Rússia também é assim. Sempre há pessoas colocando um ou outro povo numa determinada posição. Nada poderia ser mais falso e infrutífero que tal atitude.
            A grande verdade é que nesses conflitos e em muitos outros, tal como na vida diária de cada um, não existe fronteiras bem delimitadas sobre quem é vítima ou vilão, sobre quem está certo ou errado. O maniqueísmo, que é justamente o ato de dividir as coisas entre boas e más, não se aplica à realidade, que é bem mais complexa e fluída. Teimar na visão maniqueísta é indício do quanto as pessoas precisam crescer muito ainda.
            Os conflitos, guerrilhas e guerras ao redor do mundo são coisas sérias demais e não um filme de cowboy onde fica muito claro as posições e qualidades dos personagens, onde se identifica prontamente quem é o bonzinho ou o mau da estória. Pior ainda, a visão cindida favorece e alimenta mais os conflitos dando razões e justificativas que na verdade não se aplicam. Infelizmente, as guerras existem porque o interior das pessoas está armado e pronto para desferir golpes e encontrar ou até criar justificativas do porque assim agiram. É a nossa guerra interna e paixão pela ignorância que fazem com que sejamos tão rápidos em julgar os conflitos existentes.
            Obviamente erradicar esse lado bélico no interior dos seres humanos é algo possível apenas no terreno da idealização, mas ele pode ser bem mais reduzido do que vem sendo. E os resultados dessa redução de tantos conflitos internos só serão vistos e apreciados daqui muitas gerações à frente. Não é para os nossos filhos e netos. Porém, o trabalho de se começar esse caminho para uma compreensão maior da nossa agressividade é para já e cabe a cada um de nós lidar com nossos impulsos violentos de maneira mais eficiente e entender que temos uma grande responsabilidade em resolvermos os nossos conflitos e não só os conflitos externos e dos outros. A paz mundial ou um mundo mais justo não é construído através de conflitos armados ou justificando a violência. Para uma real mudança na sociedade é necessário primeiro uma mudança na consciência de como os indivíduos procuram solucionar os seus próprios conflitos. É lento o que se faz necessário, sem dúvida, mas é o único caminho possível e verdadeiramente eficaz.

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