É
triste observar os comentários sobre os conflitos armados que ocorrem em vários
pontos do planeta. No conflito Israel-Palestina muitos são os que se colocam a
favor da Palestina e demonizam os Israelenses ou vice-versa. Como se fosse
possível estabelecer, sem sombra de dúvida, que um estivesse certo e o outro
errado. Como se um fosse apenas “vítima” enquanto o outro lado fosse um “vilão”
implacável. No conflito entre Ucrânia e Rússia também é assim. Sempre há
pessoas colocando um ou outro povo numa determinada posição. Nada poderia ser
mais falso e infrutífero que tal atitude.
A
grande verdade é que nesses conflitos e em muitos outros, tal como na vida
diária de cada um, não existe fronteiras bem delimitadas sobre quem é vítima ou
vilão, sobre quem está certo ou errado. O maniqueísmo, que é justamente o ato
de dividir as coisas entre boas e más, não se aplica à realidade, que é bem
mais complexa e fluída. Teimar na visão maniqueísta é indício do quanto as pessoas
precisam crescer muito ainda.
Os
conflitos, guerrilhas e guerras ao redor do mundo são coisas sérias demais e
não um filme de cowboy onde fica muito claro as posições e qualidades dos
personagens, onde se identifica prontamente quem é o bonzinho ou o mau da
estória. Pior ainda, a visão cindida favorece e alimenta mais os conflitos
dando razões e justificativas que na verdade não se aplicam. Infelizmente, as
guerras existem porque o interior das pessoas está armado e pronto para
desferir golpes e encontrar ou até criar justificativas do porque assim agiram.
É a nossa guerra interna e paixão pela ignorância que fazem com que sejamos tão
rápidos em julgar os conflitos existentes.
Obviamente
erradicar esse lado bélico no interior dos seres humanos é algo possível apenas
no terreno da idealização, mas ele pode ser bem mais reduzido do que vem sendo.
E os resultados dessa redução de tantos conflitos internos só serão vistos e
apreciados daqui muitas gerações à frente. Não é para os nossos filhos e netos.
Porém, o trabalho de se começar esse caminho para uma compreensão maior da
nossa agressividade é para já e cabe a cada um de nós lidar com nossos impulsos
violentos de maneira mais eficiente e entender que temos uma grande
responsabilidade em resolvermos os nossos conflitos e não só os conflitos
externos e dos outros. A paz mundial ou um mundo mais justo não é construído
através de conflitos armados ou justificando a violência. Para uma real mudança
na sociedade é necessário primeiro uma mudança na consciência de como os
indivíduos procuram solucionar os seus próprios conflitos. É lento o que se faz
necessário, sem dúvida, mas é o único caminho possível e verdadeiramente
eficaz.
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