segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Aprendendo a nos salvar


            Vejo com enorme tristeza como o ser humano tem uma resistência ao crescimento e prefere permanecer num estado de imaturidade. Neste momento de eleições que pede por pensamentos e avaliações cuidadosas o que mais se vê são as pessoas reagindo emocionalmente, como se tratassem de crianças e não de adultos. A política que forma o governo, que por sua vez dá o tom da administração, é coisa séria e demanda que seja olhada e entendida com olhos adultos. Agora que há dois candidatos na disputa presidencial, por exemplo, o que mais se vê são trocas de acusações e apegos às emoções e nada de bom desse infantilismo todo poderá surgir.
            Primeiro não somos crianças. Ou pelo menos assim não deveríamos ser. Portanto, que fique claro que quem é adulto não precisa de papai e mamãe. Nenhum governante deve ser encarado como salvador da pátria. Acreditar nisso é permanecer na imaturidade. Governantes devem governar e não suscitar aos apelos emocionais mais infantis nas pessoas de que só eles (determinados governantes) podem resolver e ser a solução para o país. A política não deve ser encarada emocionalmente, mas racionalmente.
            Títulos como pai do povo e mãe do povo deveriam propiciar calafrios na população e não acolhimento. Crianças são incapazes de pensar verdadeiramente e são as suas emoções que ditam a maior parte de suas atitudes. Por isso mesmo crianças não votam. Crianças seguem regras e não as podem fazer e crianças precisam de adultos para supervisioná-las. A imaturidade infantil elege alguém como representante de tudo que é bom e por outro lado elege também alguém que representa tudo o que é ruim. Será que é assim mesmo que devemos conduzir nossa vida cívica? Gritar que o outro lado é o inimigo ou o demônio, como disse certos personagens políticos, demonstra que precisamos abandonar a infância e passarmos a ser adultos. Só assim cresceremos como povo e como país.
            O brasileiro se parece com um adolescente em crise. Uma hora quer crescer, mas quando precisa pagar o preço do crescimento volta atrás e procura por alguém que seja o pai ou mãe e que tudo resolva. Quem se deixa guiar só pelas ilusões e a infância é feita destas não se permite evoluir. A idade cronológica de nada significa. Há exemplos de inúmeras pessoas com idade avançada, mas que se comportam e agem como pimpolhos mal educados que transformam tudo (inclusive a política, que triste!) em desenho animado onde mocinho e vilão são bem determinados. É uma verdadeira caça às bruxas e não uma possibilidade de pensar sobre o que de fato queremos. Pois é. É o que dá crianças, que se acham adultas e maduras, continuarem a resistir ao crescimento. Enquanto não formos maduros estaremos sempre precisando de alguém que nos salve e seremos incapazes de salvarmos a nós mesmos. 

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