Sou
uma mulher inteligente, mas ultimamente noto que algo está muito errado comigo.
Tenho 26 anos, terminei minha faculdade e não consegui emprego. Então estou na
casa dos meus pais que me sustentam. Acho que comecei a ficar depressiva e comecei
a jogar pelo computador. Não parei mais e hoje é a única coisa que eu faço.
Jogo de dia, de noite e prefiro jogar a sair. Já não tenho mais amigos e nem
perspectiva de vida. Meus pais dizem que não tenho mais jeito. Só quero ficar
jogando, mas sei que isso está errado. O que me acontece, meu deus? Não me
entendo.
Você é inteligente, estudou e se formou. No entanto,
conseguir um trabalho foi difícil, pois conquistar um espaço no mundo do
trabalho é bem mais complexo mesmo e com isso você, provavelmente, se frustrou
e recuou. Voltou-se para um estado onde não precisa encarar a vida e a vida que
vive é a virtual e não a real.
Jogar
compulsivamente é a única maneira que você, hoje, consegue lidar com a vida e
suas frustrações. Afinal, nos jogos você sempre pode ganhar outra vida quando
tudo dá errado e não precisa lidar com consequências reais. É muito mais cômodo
jogar ao invés de viver, porém é muito mais limitante, já que jogar não lhe
traz nenhuma experiência de vida verdadeira. Você mata o tempo jogando, mas se
pensarmos que a vida é feita de tempo pode-se perceber que no fim você acaba
matando a própria vida.
Com
os jogos você vive uma falsa vida. Transforma tudo aquilo que pode haver de bom
e produtivo dentro de você em alucinação. Os jogos te proporcionam um ambiente
para alucinar. O problema é que alucinação não enche barriga, ou seja, não
nutre a vida. Com isso corre o risco de ficar desnutrida e que nesse caso é
ficar desprovida de sentidos e significados.
O
que se faz necessário, então, é que você entenda por que mata o tempo e suas
possibilidades em vez de usá-las para o seu crescimento. Quando você escreve
que não se entende é bom, porque implica que você percebe em si coisas que vem
te assustando e limitando. Consegue ver que algo dentro de você não anda
eficiente e que precisa transformar isso para poder viver de fato. Não devemos
jamais matar o tempo, mas saber usá-lo sempre para que nos proporcione o que de
melhor pode haver na vida.
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