segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Eleição e Identificação


            Todos são portadores de uma mente e é através desta que podemos trazer significados para as experiências de vida e decidir nossos caminhos. A mente é desenvolvida ao longo da vida, nunca vem pronta e nunca fica concluída totalmente. Ela depende, acima de tudo, das nossas vivências e de como elas são digeridas. Podemos entender que a mente é algo de vital importância e que sem ela não haveria a possibilidade de vida. Assim como cada pessoa possui uma mente que lhe dá identidade e fornece recursos para viver, um país é também portador de uma “mente” que lhe dá as características de identidade de um determinado povo. Votar bem é uma maneira de formar bem essa “mente da nação”.
            Quando votamos escolhemos candidatos, ou em tese assim deveria ser, que encarnam aquelas qualidades que desejamos que sejam praticadas coletivamente. Quando votamos em alguém é por que nos identificamos com o que aquele dado candidato representa. Com isso vemos que votar é uma experiência de identificação. Afinal, ninguém vota em algo ou numa proposta pela qual não tenha nenhuma identificação. Agora, com o que nos identificamos? Responder essa pergunta é fundamental.
            Fundamental porque avaliar o que está dentro de nós, o que se passa conosco, ou em outras palavras, como está nossa mente é que permite entender que valores prezamos e que decisões tomamos. A “mente” de um determinado país pode ser entendida como uma média das mentes de seus cidadãos. Olhando as coisas por esse ângulo verificamos que o Brasil que anda com uma “mente” bem aquém da expectativa precisa de uma boa mudança que só poderá acontecer caso os indivíduos comecem a se responsabilizar por suas atitudes e pelas ações que tomam.
            Enquanto os valores apreciados pela grande maioria das pessoas forem o se dar bem, o ser esperto e para tudo dar um jeitinho, o fechar os olhos e ouvidos para a corrupção e descaso com o que é público, o status pelo o que se possui materialmente e o quanto de influência alguém tem, os políticos escolhidos vão ser justamente aqueles que tiverem essas mesmas características. Nossos políticos, de todos os partidos, pintam e bordam porque no fundo somos como eles e os autorizamos a ser assim. Quando não formos mais as coisas poderão de fato mudar.
            A “mente” brasileira está repleta de valores deturpados. A perversão, que é a negação de toda a lei, seja esta do sistema legal ou do respeito ao próximo, impera e toma lugar de outros valores que exigem bem mais trabalho para serem cultivados. Valores como o reconhecimento de que há um próximo, de que este também tem valor e direitos e de que não posso passar por cima de algumas regras porque assim estaria lesando alguém são valores que não nascem conosco, mas que são adquiridos e aprendidos quando praticados. Quem vive os valores e não só apenas discursam sobre eles tem a chance de escolher melhor em quem votar porque vai ter outro tipo de identificação.
            O problema do Brasil e de qualquer outro país não se trata da falta de dinheiro ou de oportunidades no mercado, porém de ignorância no uso dos recursos que já se possui. E aqui não me refiro apenas aos recursos financeiros, mas aos recursos mentais. A “mente” do Brasil é pobre e subdesenvolvida, só que poderia ser bem diferente. O Brasil é como um indivíduo que só sabe reclamar e se lamentar de suas condições. Se vitimiza e se coloca numa posição desvantajosa. Quando essa “mente” se levar a sério e usar e desenvolver recursos mais eficientes, as coisas certamente melhorarão. Porém, isso depende de como vamos votar que depende, por sua vez, de como lidamos com nossas mentes. 

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