segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Observação de Grupos - Parte II


            Continuando o texto da segunda passada sobre a ideia do psicanalista Bion sobre grupos há mais dois a serem vistos: o de ataque-fuga e de pareamento. O grupo que funciona no suposto-básico de ataque-fuga ocorre quando os membros do grupo elegem um inimigo externo ou então tornado externo. Esse inimigo pode ser uma pessoa, uma ideia, outro grupo ou organização. O inimigo passa a ser então alvo de ataques ou de fuga por parte dos membros e o pressuposto básico mental que propicia esse tipo de funcionamento é o da paranóia.
            Esse tipo de grupo, o de ataque-fuga, favorece o partidarismo e até mesmo o terrorismo. Um inimigo é eleito e recebe toda a projeção dos temores dos membros do grupo e se torna algo a ser combatido. Não há a menor tolerância para as diferenças e tudo o que ameaça seus ideais é encarado com muito temor e ódio. O nazismo pode ser um exemplo desse tipo de grupo. Os judeus e outros povos personificaram tudo o que temiam e por isso mesmo foram atacados. Como pode se ver, esse tipo de grupo incita a violência e pode ser altamente destrutivo.
            Por fim, o grupo de pareamento funciona através da fragmentação do grupo. Ele é dividido em vários sub-grupos não produtivos e que por isso mesmo não levam a lugar nenhum. Se torna, portanto, um grupo estéril. Cada sub-grupo fica cuidando de seus interesses e nenhum problema que o grupo inteiro precisa enfrentar é de fato trabalhado. O grupo, como um todo, perde a força e seus objetivos de vista. Torna-se um grupo burocrático, dividido em variados setores e cada qual dificultando a vida de seus membros. Uma sociedade assim fica imobilizada e impotente.
            Um grupo só pode funcionar quando deixa-se de lado os funcionamentos dos supostos-básicos e passa-se a operar como grupo de trabalho. Nesse tipo de grupo há a valorização da vida e da mudança desta para melhor. A criatividade se faz presente e é fator principal para a existência de grupos que funcionam de verdade com objetivos definidos e claros. Quando pontos cegos dos membros de um dado grupo podem ser superados há a possibilidade de um funcionamento mais prático e eficiente e com isso chegar a resultados bem mais benéficos.

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