Continuando o texto da segunda passada sobre a ideia do
psicanalista Bion sobre grupos há mais dois a serem vistos: o de ataque-fuga e
de pareamento. O grupo que funciona no suposto-básico de ataque-fuga ocorre
quando os membros do grupo elegem um inimigo externo ou então tornado externo.
Esse inimigo pode ser uma pessoa, uma ideia, outro grupo ou organização. O
inimigo passa a ser então alvo de ataques ou de fuga por parte dos membros e o
pressuposto básico mental que propicia esse tipo de funcionamento é o da
paranóia.
Esse tipo de grupo, o de ataque-fuga, favorece o partidarismo
e até mesmo o terrorismo. Um inimigo é eleito e recebe toda a projeção dos
temores dos membros do grupo e se torna algo a ser combatido. Não há a menor
tolerância para as diferenças e tudo o que ameaça seus ideais é encarado com
muito temor e ódio. O nazismo pode ser um exemplo desse tipo de grupo. Os
judeus e outros povos personificaram tudo o que temiam e por isso mesmo foram
atacados. Como pode se ver, esse tipo de grupo incita a violência e pode ser
altamente destrutivo.
Por fim, o grupo de pareamento funciona através da
fragmentação do grupo. Ele é dividido em vários sub-grupos não produtivos e que
por isso mesmo não levam a lugar nenhum. Se torna, portanto, um grupo estéril.
Cada sub-grupo fica cuidando de seus interesses e nenhum problema que o grupo
inteiro precisa enfrentar é de fato trabalhado. O grupo, como um todo, perde a
força e seus objetivos de vista. Torna-se um grupo burocrático, dividido em
variados setores e cada qual dificultando a vida de seus membros. Uma sociedade
assim fica imobilizada e impotente.
Um grupo só pode funcionar quando deixa-se de lado os
funcionamentos dos supostos-básicos e passa-se a operar como grupo de trabalho.
Nesse tipo de grupo há a valorização da vida e da mudança desta para melhor. A
criatividade se faz presente e é fator principal para a existência de grupos
que funcionam de verdade com objetivos definidos e claros. Quando pontos cegos
dos membros de um dado grupo podem ser superados há a possibilidade de um
funcionamento mais prático e eficiente e com isso chegar a resultados bem mais
benéficos.
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