É muito comum ouvir frases nascidas do senso comum que dizem que a psicanálise explica qualquer coisa. Ou então a famosa frase Freud explica! Bobagens. A preocupação da psicanálise não é a de explicar, mas a de interpretar. Sem a interpretação não há psicanálise.
O trabalho da psicanálise é de, através das associações, encontrar o significado inconsciente das experiências de vida do analisando. A interpretação é então dar um significado aos pensamentos, atitudes e até aos adoecimentos psíquicos. Isso é bem diferente de explicar. Na interpretação um sentido, antes desconhecido, pode emergir e trazer a possibilidade de, ao ser compreendido, a pessoa se apropriar mais da sua vida e viver de uma maneira que lhe seja mais proveitosa. Buscar sentidos não é a mesma coisa que explicar, pois implica numa posição de estar a procura de algo e construir um saber próprio de si.
Muitas vezes o ato de interpretar significa juntar pontos que em princípio pareciam nada terem a ver um com o outro, o que possibilita criar um autoconhecimento bem mais desenvolvido. Juntando os pontos ganha-se uma nova imagem que de alguma maneira proporciona outra percepção das experiências de vida. Interpretar tem muito mais a ver com promover sentido e singularidades, ou seja, descobrir as particularidades de cada um e não de explicar o que acontece às pessoas. Decifrar se faz necessário à vida, explicar não.
Revelada a verdade interna de cada um cabe ao sujeito se empenhar na elaboração do que apreende sobre si próprio e decidir como quer que sua história seja daqui para frente. Com a interpretação o indivíduo pode virar o autor de sua vida, já que se apropria de sua singularidade que leva à uma ruptura da rotina que se tinha antes e passa-se a pensar sobre a vida que de fato pode ser conquistada. A explicação está mais a serviço de um desejo de não ter que se responsabilizar por si mesmo, enquanto a interpretação psicanalítica visa ao autodesenvolvimento.
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