segunda-feira, 21 de julho de 2014

A Libertação Sexual Ainda Está Para Acontecer


            A década de 60 foi muito especial. Nela, muitas ideias puderam ser repensadas e uma revolução dos ideais e do pensamento começou a se fazer presente. Isso foi muito produtivo e bem-vindo já que foi a época que os Direitos Humanos foram pela primeira vez na História levados mais seriamente e a mulher conquistou mais espaço. Foi também a época da criação da pílula anticoncepcional que trouxe para a década de 70 a libertação sexual.
            A libertação sexual, entretanto, possui dois lados. Um desses lados é bastante positivo e verdadeiramente libertador. É o lado que permitiu desligar a sexualidade da reprodução, ou seja, trouxe a possibilidade da sexualidade ser vivida como direito ao prazer e não mais ficar sob a ótica de que o seu único fim era para reprodução. Assim, com a sexualidade liberta de um rótulo limitador ela ganhou legitimação para existir sem preconceitos. Sexo passou a ser direito, inclusive para os homossexuais. Já que caiu o conceito da finalidade reprodutiva não havia mais nenhum argumento inteligente que proibisse a união homossexual. O ganho dessa conquista da sexualidade se tornar livre foi imensa e seu valor é incalculável.
            Porém, como tudo na vida tem dois lados essa conquista também trouxe um problema. O problema da libertação sexual foi que ela meio que trouxe a obrigação do sexo. Antes o sexo era visto como assunto tabu e que só podia existir dentro do casamento e a liberdade sexual era considerada pura libertinagem. Hoje, contudo, o sexo passou a ser obrigação e quem não o vive é considerado um pária. A libertação deveria ser um se livrar de um imperativo e não trocar um imperativo pelo outro. O imperativo do Não gozarás acabou sendo trocado por Tens a obrigação do gozo. O sexo só pode ser bom se não for obrigação. O prazer não tem como existir se estiver amarrado.
            Fazer da sexualidade uma obrigação é fator de grande angústia. O que deveria ser um direito de escolha passa a ser encarado como uma obrigação. Em muitos círculos quem não transa é visto como um estranho e uma pessoa “com problemas”.  Com isso a verdadeira libertação sexual ainda está para acontecer. Só há liberdade quando há possibilidade de escolha e aceitação. Enquanto houver imposição para ser de um jeito ou de outro e pouca aceitação para as diferenças, a liberdade não terá espaço. Há ainda um longo caminho para que possamos nos sentir livres para vivermos a nossa vida com mais tranqüilidade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário