A década de 60 foi muito especial. Nela, muitas ideias
puderam ser repensadas e uma revolução dos ideais e do pensamento começou a
se fazer presente. Isso foi muito produtivo e bem-vindo já que foi a época que
os Direitos Humanos foram pela primeira vez na História levados mais seriamente
e a mulher conquistou mais espaço. Foi também a época da criação da pílula
anticoncepcional que trouxe para a década de 70 a libertação sexual.
A libertação sexual, entretanto, possui dois lados. Um
desses lados é bastante positivo e verdadeiramente libertador. É o lado que
permitiu desligar a sexualidade da reprodução, ou seja, trouxe a possibilidade
da sexualidade ser vivida como direito ao prazer e não mais ficar sob a ótica
de que o seu único fim era para reprodução. Assim, com a sexualidade
liberta de um rótulo limitador ela ganhou legitimação para existir sem
preconceitos. Sexo passou a ser direito, inclusive para os homossexuais. Já que
caiu o conceito da finalidade reprodutiva não havia mais nenhum argumento
inteligente que proibisse a união homossexual. O ganho dessa conquista da
sexualidade se tornar livre foi imensa e seu valor é incalculável.
Porém, como tudo na vida tem dois lados essa conquista
também trouxe um problema. O problema da libertação sexual foi que ela meio que
trouxe a obrigação do sexo. Antes o sexo era visto como assunto tabu e que só
podia existir dentro do casamento e a liberdade sexual era considerada pura
libertinagem. Hoje, contudo, o sexo passou a ser obrigação e quem não o vive é
considerado um pária. A libertação deveria ser um se livrar de um imperativo e
não trocar um imperativo pelo outro. O imperativo do Não gozarás acabou sendo trocado por Tens a obrigação do gozo. O sexo só pode ser bom se não for
obrigação. O prazer não tem como existir se estiver amarrado.
Fazer da sexualidade uma obrigação é fator de grande
angústia. O que deveria ser um direito de escolha passa a ser encarado como uma
obrigação. Em muitos círculos quem não transa é visto como um estranho e uma
pessoa “com problemas”. Com isso a
verdadeira libertação sexual ainda está para acontecer. Só há liberdade quando
há possibilidade de escolha e aceitação. Enquanto houver imposição para ser de
um jeito ou de outro e pouca aceitação para as diferenças, a liberdade não terá
espaço. Há ainda um longo caminho para que possamos nos sentir livres para
vivermos a nossa vida com mais tranqüilidade.
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