segunda-feira, 5 de maio de 2014

Adoração Prejudicial



            Aconteceu num show de comédia, os populares stand ups, de um famoso humorista fazer piada sobre um popular e conhecido ex-presidente e uma pessoa da plateia se manifestar indignada e defendendo veemente e violentamente o tal ex-presidente. Evidente que uma pessoa ter apreço por política ou por algum representante político está em seus plenos direitos, mas o perigo é quando um político se torna alvo de adoração e passa a ser visto como se estivesse acima de tudo e de todos.
            Quando algum político ou qualquer outra figura de destaque ganha aura de intocável cria-se um perigo muito grande. O perigo reside no fato de que se uma pessoa é adorada ela ganha exclusividades que a torna diferente, ganhando uma posição de se estar acima das convenções que costumam gerir as demais pessoas. Está criado, nesses casos, a exclusão que é extremamente prejudicial para o bom andamento de qualquer sociedade.
            Ao tentar se criar figuras míticas e que jamais sejam questionadas é um pensamento infantil que crê num personagem que tenha todas as respostas e que possa tudo. Os limites, segundo o pensamento infantil, não existem para determinadas pessoas. As crianças acreditam que haja dois tipos de pessoas: aquelas que como elas se sentem vulneráveis e as outras que tudo podem e conseguem. Não é a toa que as crianças tenham adoração apaixonadas por muitos personagens e pessoas à sua volta. À medida que vão crescendo percebem que essa adoração toda era uma fase e que foi superada para poder viver a vida com mais realidade e possibilidade.
            Agora, quando o pensamento infantil se faz presente na política a situação pode ficar muito ruim. A política não deve ser vivida para alimentar a vaidade de algumas determinadas figuras, mas deve ser um instrumento onde se possa pensar sobre como construir uma sociedade mais justa e eficiente. Ao se criar um “deus” intocável mata-se  a justiça e instaura uma sociedade formada de pessoas que acatam tudo sem a menor cerimônia e sem o menor senso crítico. Gostar e se sintonizar com um dado político é uma coisa, porém é bem diferente construir um altar para determinada pessoa e atacar qualquer outra forma de pensamento diferente. Todas as ditaduras começaram desta forma. 

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