Não sei o que me acontece. Tenho medo de
estar ficando louca. Tenho 36 anos e sou casada há 10. Amo meu marido e ele é
quase tudo para mim. Não temos filhos. O que me acontece é que morro de medo de
vir a perdê-lo. Tenho muito medo de que ele morra e eu fique sozinha e sem
ninguém. Todos os dias me vem esse terror e já teve noites que acordei só para
me certificar de que ele ainda estava vivo. Ele é jovem e saudável mas a vida
para ser tão incerta que tenho medo de perder o que mais amo. O que faço? Como
controlo isso?
Ao
temer a perda você sofre todos os dias, porém o sofrimento é causado pelo temor
da perda e não pela perda em si. Faz do temor a sua infelicidade e torna a sua
vida miserável. Sente que está enlouquecendo, ou seja, perdendo a si mesma e
sente que é necessário mudar essa situação.
Para Sêneca, filósofo e escritor
romano do primeiro século D.C., temer a perda e perder é a mesma coisa. Ele
escreveu: Não há tragédia maior do que alguém preocupado
com o futuro, infeliz antes da infelicidade e permanentemente angustiado diante
da idéia de não poder conservar até o fim o que ama. Nunca saberá do repouso, e
na ansiedade do futuro, perderá o presente que poderia gozar. Esse parece
ser o seu caso.
O problema de viver desse jeito é
que você deixa de viver o presente e passa a tentar viver um tempo que não é o
seu. Você tenta controlar o futuro para que ele não te traga nenhuma
frustração. Só que esse futuro imaginado é fruto da ilusão e não da realidade.
Você só pode viver a realidade e lidar com aquilo que é possível, caso
contrário sofre pela ilusão.
Falta-lhe decifrar o seu
inconsciente e entender porque vive o presente como se já tivesse perdido o
seu marido e porque você se subtrai do seu tempo. Inconscientemente há uma
razão para essa fantasia existir e ao compreendê-la poderá dar a ela outro
desfecho. Na análise o inconsciente se revela e assim poderá se livrar da
repetição que te prende e poderá viver de maneira melhor. O inconsciente é tal
como a esfinge da mitologia que quando não é decifrada devora o interlocutor.
Para não mais ser devorada pelo sofrimento se faz necessário decifrar a razão
do sofrimento.
Oi Silvio! Parabéns pelas palavras! Muito pertinente! Abraços!
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