sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Pergunta de Leitora - Suficientemente Boa


Tenho um bebê de 8 meses e estou muito contente por ser mãe. Sempre desejei meu filho e ele me é fonte de muito amor e bons momentos. A pergunta é o seguinte. Apesar de estar muito feliz com meu filho fico insegura as vezes. Me pergunto se sei mesmo ser uma boa mãe. Tenho medo de causar um trauma no meu filho e estragar a vida dele. Tantas pessoas dizem que isso é possível e sem contar que quando ele chora uns dizem para fazer uma coisa e outros dizem para fazer outra. Quando digo que meu filho chora de noite umas amigas deixam a entender que é devido a minha ansiedade e sinto que faço alguma coisa errada. Mas não sei bem porque também fico irritada com essas pessoas que acham que ser mãe tem que ser perfeita. Acho que meu filho vai ter que se acostumar comigo que não sou perfeita. Como posso ter certeza de ser sempre uma boa mãe?

            Donald Winnicott, psicanalista inglês, escreveu certa vez que não há essa estória de mãe boa que age de forma perfeita e que jamais frustra os filhos. Essa imagem de mãe é uma grande falsidade e presta um enorme desserviço às mulheres que se tornam mães e às pessoas a sua volta. Para Winnicott o que existe é mãe suficientemente boa. Ser “suficientemente boa” já está de bom tamanho.
            Não existe um manual para ser mãe. Tornar-se mãe envolve uma infinidade de variáveis como a sua própria história de vida, o momento em que você se encontra, as características do bebê e por aí vai. Há bebês que choram mais, outros menos e não dependem apenas da ansiedade da mãe. Afinal, o bebê é outro ser que possui particularidades próprias que independe de seus pais. Saber disso é importante.
            É muito fácil para quem está de fora de uma dada situação emitir opiniões e até fazer julgamentos. Muitos, aliás, sentem um prazer nessa atitude. O que torna então importante você saber ouvir o que escuta e ser sábia em fazer uma triagem entre aquelas falas que podem ser de alguma ajuda daquelas outras que não servem para nada. Nem tudo o que a gente ouve a gente precisa escutar. Entender isso lhe tornará mais sábia e com maior capacidade de se auto-preservar.
            Em vez de se perder no meio de tantas dúvidas e angústias seria muito mais favorável se você escutasse a si mesma. Seu amor pelo seu filho é o melhor guia que você poderá usar já que o amor verdadeiro está sempre a serviço do bem estar e do desenvolvimento. Se deixe ser uma mãe que você possa ser e se desprenda da imagem de uma mãe perfeita que só existe nos delírios de quem não entende de humanidade. Posso lhe dizer, com absoluta certeza, que seu filho não deseja uma mãe perfeita. O que ele mais precisa é de uma mãe que o ame de fato e esteja ali para ajudá-lo quando ele precisar.

2 comentários:

  1. Esqueci como se publica o comentário.Mas parabéns pelo texto.
    Ótima a sua análise.

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  2. Escrevi isso só para testar.Agora acho que aprendi de novo.Abraços.

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