A avareza é um dos sete pecados capitais e se caracteriza
por ser um estado no qual o outro se fecha e permanece constantemente fechado e
temeroso de se abrir. Apesar de muitas vezes se referir a parte financeira e material
a avareza pode ser entendida como algo bem mais amplo, pois não tem a ver
apenas com aquilo que é concreto, mas principalmente simbólico. A psicanálise
não se preocupa em ver os aspectos concretos, porém olha os aspectos
simbólicos, ou seja, procura o significado das coisas. Muito do que é
manifestado em nossas atitudes tem como origem o inconsciente e conhecê-lo
permite que conheçamos mais quem realmente somos.
Na pessoa avarenta encontramos um egoísmo muito forte.
Ela sempre tem medo de perder e tem certeza de que qualquer outra pessoa é um
perigo em potencial e a sente como querendo tirar vantagem. Tem muito medo de não
ter o suficiente e de perder o pouco que sente que possui, por isso mesmo se
fecha e se apega ao egoísmo. Acredita que se não agir desta maneira vai
certamente se empobrecer. Muitas vezes isso é manifestado no apego ao dinheiro
ou às coisas materiais, mas isto é apenas o visível, aquilo que é manifestado.
Por detrás o significado é outro. Tem relação com as emoções e afetos e tratam
de aspectos primitivos da mente.
O ser avarento é econômico com suas emoções, acha que
elas são e funcionam como coisas materiais que quando mais se usa mais se
gasta. Só que emoções são feitas de outro jeito e quando mais são usadas mais
elas se desenvolvem e enriquece quem as sente, porém o avarento desconhece a
força das emoções. Foram crianças que desde cedo relutaram em se abrir às
experiências de vida e aprenderam rapidamente a desconfiar da generosidade. Impediram-se
de aprender ou nunca tiveram chance de aprender a serem mais expansivos e
generosos. Terminaram por valorizar mais a quantidade de atenção e dos
presentes que recebiam do que a qualidade. O ter acabou por se tornar mais
importante que a experiência vivida, daí que no futuro se apegam a tudo que for
material e puder ser quantificado.
Por ter tanto medo de perder se fecham e fechar-se é
sempre o melhor caminho para se empobrecer. Tornam-se pessoas que jamais se
entregam ao que fazem, ficam sempre com um pé atrás. Não se permitem se
encantar com a vida e se apaixonar. Até, e principalmente, no amor se tornam econômicas.
Muitas angústias e depressões podem surgir para quem vive desta maneira. Eles
brigam pelas menores coisas como se tratasse de coisas importantes. Gasta-se
uma energia preciosa nos menores detalhes, fortalecendo a existência da mesquinharia. São aqueles sujeitos que discutem e travam
uma guerra pelas coisas mais sem importância e sem propósito.
Para se combater a avareza é necessário desenvolver a
largueza de espírito, desenvolver a generosidade. Ninguém nasce sabendo se
comportar de forma generosa. Isso é algo que se aprende ao longo do caminho da
vida. O avarento não consegue ser, em primeiro lugar, generoso consigo próprio.
Ao olhar para si de forma mais humana e generosa esse olhar se expande e
passa-se então a olhar o mundo também de forma mais favorável. Abre-se para a
vida e se faz mais investimentos afetivos que possibilitem um enriquecimento
verdadeiro. Na avareza o que se teme é obter a verdadeira riqueza da vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário