segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

A Avareza pela Psicanálise


            A avareza é um dos sete pecados capitais e se caracteriza por ser um estado no qual o outro se fecha e permanece constantemente fechado e temeroso de se abrir. Apesar de muitas vezes se referir a parte financeira e material a avareza pode ser entendida como algo bem mais amplo, pois não tem a ver apenas com aquilo que é concreto, mas principalmente simbólico. A psicanálise não se preocupa em ver os aspectos concretos, porém olha os aspectos simbólicos, ou seja, procura o significado das coisas. Muito do que é manifestado em nossas atitudes tem como origem o inconsciente e conhecê-lo permite que conheçamos mais quem realmente somos.
            Na pessoa avarenta encontramos um egoísmo muito forte. Ela sempre tem medo de perder e tem certeza de que qualquer outra pessoa é um perigo em potencial e a sente como querendo tirar vantagem. Tem muito medo de não ter o suficiente e de perder o pouco que sente que possui, por isso mesmo se fecha e se apega ao egoísmo. Acredita que se não agir desta maneira vai certamente se empobrecer. Muitas vezes isso é manifestado no apego ao dinheiro ou às coisas materiais, mas isto é apenas o visível, aquilo que é manifestado. Por detrás o significado é outro. Tem relação com as emoções e afetos e tratam de aspectos primitivos da mente.
            O ser avarento é econômico com suas emoções, acha que elas são e funcionam como coisas materiais que quando mais se usa mais se gasta. Só que emoções são feitas de outro jeito e quando mais são usadas mais elas se desenvolvem e enriquece quem as sente, porém o avarento desconhece a força das emoções. Foram crianças que desde cedo relutaram em se abrir às experiências de vida e aprenderam rapidamente a desconfiar da generosidade. Impediram-se de aprender ou nunca tiveram chance de aprender a serem mais expansivos e generosos. Terminaram por valorizar mais a quantidade de atenção e dos presentes que recebiam do que a qualidade. O ter acabou por se tornar mais importante que a experiência vivida, daí que no futuro se apegam a tudo que for material e puder ser quantificado.
            Por ter tanto medo de perder se fecham e fechar-se é sempre o melhor caminho para se empobrecer. Tornam-se pessoas que jamais se entregam ao que fazem, ficam sempre com um pé atrás. Não se permitem se encantar com a vida e se apaixonar. Até, e principalmente, no amor se tornam econômicas. Muitas angústias e depressões podem surgir para quem vive desta maneira. Eles brigam pelas menores coisas como se tratasse de coisas importantes. Gasta-se uma energia preciosa nos menores detalhes, fortalecendo a existência da mesquinharia.  São aqueles sujeitos que discutem e travam uma guerra pelas coisas mais sem importância e sem propósito.
            Para se combater a avareza é necessário desenvolver a largueza de espírito, desenvolver a generosidade. Ninguém nasce sabendo se comportar de forma generosa. Isso é algo que se aprende ao longo do caminho da vida. O avarento não consegue ser, em primeiro lugar, generoso consigo próprio. Ao olhar para si de forma mais humana e generosa esse olhar se expande e passa-se então a olhar o mundo também de forma mais favorável. Abre-se para a vida e se faz mais investimentos afetivos que possibilitem um enriquecimento verdadeiro. Na avareza o que se teme é obter a verdadeira riqueza da vida.

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