sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Pergunta de Leitor - Pavio Curto


Eu cedo à raiva muito facilmente. Não sou nenhum ignorante. Sou formado em filosofia e agora estou me formando em teologia. Tenho 25 anos e quero ser padre e como futuro padre sei que preciso ser paciente. Mas aí é que está o meu problema. ainda moro com minha família e muitas atitudes dos meus pais e dos meus irmãos me deixam irritado. Seja porque eles estão fazendo algo errado, seja porque estão sendo idiotas, mesmo que eles não estejam percebendo. Eu termino por me zangar e acabo discutindo tornando a vida de todo mundo tensa. Fico ressentido com as brigas e não quero mais me sentir assim. Quero que eles entendam que eu só quero o bem deles. Sei que não sou o dono da verdade e que também erro muito. Há também alguns amigos que ficam me questionando sobre a minha decisão de ser padre. Eles ficam provocando e tentando me tirar do serio e até conseguem. Perco a cabeça e até já falei para um deles que ele devia morrer. Me arrependo amargamente. Como pode alguém ser estudado, querer trabalhar para o próximo e ser tão “pavio curto”? Como me controlo?

            Quando você diz que é tão “pavio curto” está falando do quanto você se percebe impulsivo e impulsividade nada tem a ver com ser estudado ou não, mas está relacionado com a capacidade de contenção. Em outras palavras, você precisa aprender a se conter.
            Ao reagir com impulsividade você demonstra intolerância com a frustração. É claro que tolerar frustrações não é nada agradável, mas que se faz extremamente necessário. Caso não houvesse essa capacidade de se tolerar as frustrações todos viveriam em pé de guerra e reagiriam rapidamente e violentamente ao menor sinal de desagrado. Seria o mesmo que deixar o lado mais primitivo de cada um tomar conta da vida.
            Para não ceder à impulsividade você precisa construir outra coisa para colocar nesse lugar dos impulsos. O que precisa construir é o pensamento. Porém, aqui não se trata do pensamento lógico, racional e intelectual, mas do pensamento que lhe faça tomar a decisão mais eficaz para você mesmo. Trata-se, em outras palavras, de se tornar sábio e saber escolher suas atitudes. Hoje você deixa seus impulsos decidirem por você e você a eles se submete, mas precisa aprender a lidar com suas frustrações de outra maneira.
          Ninguém torna-se sábio da noite para o dia. Demanda o desenvolvimento de uma mente que pense e crie formas novas de se viver. Portanto leva-se mesmo tempo, mas quem persiste pode chegar lá. Ao se auto-observar mais poderá abrir mão da impulsividade e lidar com os desagrados de maneira diferente para não mais cair no ressentimento que só envenena a alma. Termino com uma frase de São Tomás de Aquino, sobre os perigos de se cair no ressentimento, para você refletir: O ressentimento é um veneno que eu tomo com a esperança de que o outro morra.

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