Eu cedo à raiva muito facilmente. Não
sou nenhum ignorante. Sou formado em filosofia e agora estou me formando em
teologia. Tenho 25 anos e quero ser padre e como futuro padre sei que preciso
ser paciente. Mas aí é que está o meu problema. ainda moro com minha família e
muitas atitudes dos meus pais e dos meus irmãos me deixam irritado. Seja porque
eles estão fazendo algo errado, seja porque estão sendo idiotas, mesmo que eles
não estejam percebendo. Eu termino por me zangar e acabo discutindo tornando a
vida de todo mundo tensa. Fico ressentido com as brigas e não quero mais me
sentir assim. Quero que eles entendam que eu só quero o bem deles. Sei que não
sou o dono da verdade e que também erro muito. Há também alguns amigos que
ficam me questionando sobre a minha decisão de ser padre. Eles ficam provocando
e tentando me tirar do serio e até conseguem. Perco a cabeça e até já falei
para um deles que ele devia morrer. Me arrependo amargamente. Como pode alguém
ser estudado, querer trabalhar para o próximo e ser tão “pavio curto”? Como me
controlo?
Quando você diz que é tão “pavio
curto” está falando do quanto você se percebe impulsivo e impulsividade nada tem
a ver com ser estudado ou não, mas está relacionado com a capacidade de
contenção. Em outras palavras, você precisa aprender a se conter.
Ao reagir com impulsividade você
demonstra intolerância com a frustração. É claro que tolerar frustrações não é
nada agradável, mas que se faz extremamente necessário. Caso não houvesse essa
capacidade de se tolerar as frustrações todos viveriam em pé de guerra e
reagiriam rapidamente e violentamente ao menor sinal de desagrado. Seria o
mesmo que deixar o lado mais primitivo de cada um tomar conta da vida.
Para não ceder à impulsividade você
precisa construir outra coisa para colocar nesse lugar dos impulsos. O que
precisa construir é o pensamento. Porém, aqui não se trata do pensamento
lógico, racional e intelectual, mas do pensamento que lhe faça tomar a decisão
mais eficaz para você mesmo. Trata-se, em outras palavras, de se tornar sábio e
saber escolher suas atitudes. Hoje você deixa seus impulsos decidirem por você
e você a eles se submete, mas precisa aprender a lidar com suas frustrações de
outra maneira.
Ninguém torna-se sábio da noite para
o dia. Demanda o desenvolvimento de uma mente que pense e crie formas novas de
se viver. Portanto leva-se mesmo tempo, mas quem persiste pode chegar lá. Ao se
auto-observar mais poderá abrir mão da impulsividade e lidar com os desagrados
de maneira diferente para não mais cair no ressentimento que só envenena a alma.
Termino com uma frase de São Tomás de Aquino, sobre os perigos de se cair no
ressentimento, para você refletir: O
ressentimento é um veneno que eu tomo com a esperança de que o outro morra.
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